23 de Julho de 2014 - 14h:34

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FGV: Prévia da confiança sinaliza 3º trimestre fraco para a indústria

Por: Valor Econômico

O enfraquecimento da atividade na indústria da transformação deve prosseguir no terceiro trimestre. A avaliação partiu do superintendente adjunto de Ciclos Econômicos do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV), Aloisio Campelo, ao comentar a prévia do Índice de Confiança da Indústria (ICI) de julho, que caiu de 3,2% na comparação com junho. O indicador alcançou patamar de 84,4 pontos, o menor desde abril de 2009, se confirmado. “O que podemos perceber é que não há sinais de recuperação e que deve ser muito fraca a [atividade da] indústria no período”, avaliou. A prévia engloba respostas de 809 empresas, dois terços do universo total da pesquisa final. O técnico comentou que na maioria das categorias de uso da indústria da transformação a confiança continua baixa. Novamente, os destaques negativos na prévia de julho são os empresários de bens duráveis e de bens de capital, cujo patamar de confiança continua em nível muito baixo, informou ele, sem mencionar números específicos - que serão anunciados na semana que vem, com a divulgação completa do indicador. Ao mesmo tempo, ele afirmou que a prévia também sinaliza piora na confiança no segmento de bens intermediários, que sofre com o atual cenário de “superoferta” de aço no mercado global. Campelo comentou ainda que material de construção também não mostra cenário favorável – e que a única exceção é o segmento de bens não duráveis, que tem ambiente relativamente positivo. “Tivemos, porém, uma pequena melhora na expectativa de produção para os próximos três meses”, disse, admitindo no entanto que isso, isoladamente, não indica uma retomada sustentável na atividade da indústria da transformação. De maneira geral, o ambiente delineado na prévia da confiança corrobora os cenários traçados por economistas da FGV sobre o desempenho da indústria em 2014, comentou o técnico. Campelo estima que a produção da indústria de transformação apurada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) deve cair entre 1,5% a 2% neste ano. Incluindo a extrativa, a queda deve ser de 1% a 1,5%. Já a projeção do Ibre/FGV para o PIB da indústria é de recuo de 1% em 2014, em comparação com ano passado. Na prática, “não há margem de manobra” para ações que possam melhorar o cenário industrial ainda em 2014, na avaliação de Campelo. Ele comentou que o Banco Central (BC) não deve mexer muito com a taxa básica de juros (Selic) este ano. Em caso de corte, poderia haver estímulo à demanda, mas a inflação continua em patamar elevado em 12 meses e os bancos se tornaram mais criteriosos na concessão de crédito. O governo também não parece disposto a lançar novas medidas de estímulo para a indústria, semelhantes às reduções/isenções do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para segmentos industriais em anos anteriores. Isso porque a União tem suas contas para fechar, e não pode lidar, no momento, com mais perda de impostos. Ele lembrou também que 2014 é um ano eleitoral, o que por si só já confere um elemento de incerteza aos industriais no momento de decidir seus investimentos. “Um ambiente de confiança em baixa é também um fator que inibe crescimento [da atividade industrial ], porque mexe com expectativas”, disse, acrescentando, porém, não descartar um trimestre de crescimento da produção industrial na segunda metade do ano devido a fatores mais favoráveis em relação ao primeiro semestre, como inflação menos pressionada e maior número de dias úteis. “Mas mesmo assim, creio que, de maneira geral, o cenário para a indústria até o final do ano não é bom.”
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