29 de Julho de 2014 - 14h:52

Tamanho do texto A - A+

FGV: Economia brasileira não está em recessão

Por: Valor Econômico

Ao recuar 3,2% entre junho e julho, passando de 87,2 para 84,4 pontos, o Índice de Confiança da Indústria (ICI) continuou em níveis “extremamentes baixos” e compatíveis com os três períodos em que a economia brasileira entrou em recessão, afirmou nesta terça-feira Aloísio Campelo, superintendente adjunto de ciclos econômicos da Fundação Getulio Vargas (FGV). Apesar desta correlação, Campelo avalia que esta não é a situação econômica no momento. “Pelos dados que temos do mercado de trabalho até agora, eu diria que não estamos em recessão”, comentou o economista, referindo-se à permanência da taxa de desemprego em patamares baixos e aos reajustes salariais acima da inflação. “Mesmo que tenhamos um trimestre negativo em termos de Produto Interno Bruto (PIB), não seria uma queda muito profunda, mas sim um resultado próximo de zero e com um mercado de trabalho resiliente. Os rendimentos não estão caindo”, movimento que seria característico de períodos recessivos. Desde 2000, o Brasil atravessou três recessões: em 2001, afetado pelo racionamento de energia elétrica; na virada de 2002 para 2003, quando a forte desvalorização cambial levou a um aperto monetário muito restritivo e, por último, na passagem de 2008 para 2009, na esteira da crise financeira mundial. Embora não se possa comparar esses três episódios com a conjuntura atual, o coordenador da FGV afirmou que a indústria de transformação está descolada dos demais segmentos da economia, e dará contribuição negativa para o PIB, tanto no segundo trimestre como no resultado do ano. Campelo estima que a produção do setor manufatureiro deve recuar entre 2,5% e 3% em 2014. Passado o primeiro semestre e os efeitos negativos - mas pontuais - do aumento de feriados e manifestações sobre a produção industrial, o cenário para a segunda metade do ano também é pouco animador, de acordo com ele. “Excluindo estes fatores pontuais, a produção pode até entrar em terreno positivo em agosto ou setembro, mas isso já era esperado pelas empresas e não altera o cenário que vai até o fim do ano”, disse. “Não é uma recuperação consistente”.
VOLTAR IMPRIMIR