19 de Outubro de 2015 - 10h:01

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Empresas buscam gerenciar crise

Por: A Gazeta

O gerenciamento de crises é uma atividade que exige disciplina do empreendedor e pode salvar uma empresa. O fortalecimento do negócio deve ser orientado por
diretrizes como planejamento, auto-conhecimento do negócio e
melhor relacionamento com os clientes. Nesta terceira
reportagem especial sobre o mundo dos negócios, o assunto é
como lidar com crises institucionais. Em geral, a crise pode ser
provocada por diversos fatores, podendo ser provocadas por
condições internas ou externas. No primeiro caso, as adversidades
podem surgir da falta de administração, de recursos mal
distribuidos, problemas jurídicos e uma série de outras situações
que podem virar graves problemas. Já nas crises
provindas de condições externas à empresa, a oscilação cambial, as
condições de mercado, fatores políticos e até climáticos podem
influenciar no desempenho de uma organização empresarial.
Contudo, em evidência como condição externa está a crise
econômica, que tem sido considerada de grande
repercussão no mundo dos negócios já que influência
diretamente na rentabilidade das empresas e, compromete o poder
de investimento, a liberação de crédito, além do desgaste
psicológico que é ter que lidar com tempos de incertezas.
Contudo, ficar lamentando não é o suficiente para solucionar
os problemas, independente da origem. O consultor financeiro
João Paulo Fortunato explica que diante de uma
crise, o primeiro passo a ser
tomado é o planejamento. “A
organização dos departamentos
que pertencem a empresa deve ser
bem fundamentada, partindo do princípio de
conhecimento das capacidades do empreendimento”.
O segundo passo indicado pelo especialista é o
conhecimento dos custos que a empresa gera e as receitas
disponíveis. Dessa forma é possível perceber quais são as
áreas que podem receber cortes de gastos e, quais devem merecer
real atenção do empresário e de toda a equipe de colaboradores,
ou gestores contratados especialmente para o
gerenciamento do problema a ser enfrentado.
A terceira dica de Fortunato é a utilização das redes sociais em
favor de uma aproximação com o cliente. “As novas tecnologias
devem ser utilizadas a favor do estreitamento das relações entre a
empresa e o público ao qual são dedicados os produtos ou serviços”.
Contudo, o consultor financeiro ressalta que não é suficiente
somente a relação virtual. Principalmente, em momentos de
crise o contato pessoal é o diferencial que o cliente está
procurando e pode pesar na hora de fechar um negócio, ou na
fidelização do cliente. O empresário Antônio Ademar
Vidotti, 60, diz que já passou por todos os tipos de crises possíveis
na loja Moda Verão. Há 26 anos atuante no mercado de negócios
mato-grossense, ele chega a 2015 com o patamar de 13 lojas
distribuídas entre os principais centros
comerciais de Cuiabá e Várzea Grande, empregando 280 colaboradores diretos.
Diante das crises,Vidotti diz que aplica uma receita caseira. “Gasto
menos do que arrecado”. E assim, o empresário diz que tem
superado as eventuais adversidades que surgem na
empresa. “Nas crises precisamos avaliar quais são as
oportunidades. Não há nenhum bem ou mal que seja eterno. É
preciso saber lidar com cada situação. O que é positivo em tudo
isso é que a cada experiência, aprimoram-se as maneiras de
gerenciamento das crises”. Já o empresário Osvaldo
Martinello avalia que cada tipo de crise exige um comportamento
específico. No entanto, para ele a crise financeira é a mais perigosa
para uma empresa já que causa problemas imediatos ao
empreendimento, comprometendo desta forma
todas as partes interessadas. Martinello diz que a melhor
forma de gerir uma crise é atuando de forma preventiva a
cada ação da empresa. “É preciso ter uma visão antecipada do
mercado financeiro. Eu pelo menos, sempre procuro estar
informado tanto sobre o mercado internacional, ou sobre meu
segmento. Pois, na verdade o que o empresário faz é uma aposta
que sempre precisa obedecer diversos fatores. E só o
conhecimento destes processos possibilita êxito”. Osvaldo
Martinello é presidenteproprietário da Martinello
Eletromóveis, que conta com 62 lojas, sendo 51 em Mato Grosso e
11 em Minas Gerais, nas quais gera mais de 1,5 mil postos
formais de trabalho. Mas em alguns casos é
necessário buscar orientação profissional para conduzir à
diretrizes eficazes em prol de resultados práticos. Foi o caso do
empresário Domingos Lima Barros, 58, presidente da RDL
Transportes. Em 2009, ele entrou com um pedido de recuperação
judicial. A empresa havia acumulado dívida de R$ 10
milhões, grande parte devida à instituições financeiras. A causa
foi a renovação de parte da frota de caminhões. “O setor já estava
em retração e, a crise internacional de 2008 foi
determinante para que as taxas de juros dos bancos ficassem
elevadíssimas, em decorrência dos riscos. Tudo isso foi
complicando a situação financeira da empresa. Eu já não sabia o que
fazer. Até o momento em que fui orientado a procurar um advogado
que me auxiliasse”. Barros diz que não tinha conhecimento de como
funcionava a recuperação judicial, o que provocava insegurança em
relação aos processos pelos quais deveria passar na Justiça.
Contudo, foi a solução plausível que possibilitou o
restabelecimento da empresa. As dívidas foram quitadas, e Barros
chega aos 23 anos de empreendedorismo no ramo de
transportes. Ele conta com 57 colaboradores e atua em Mato
Grosso, com sede em Cuiabá, com filiais nos estados de Goiás e
Rondônia. Para o advogado Bruno Medeiros, atuante em casos de
recuperação judicial, os empresários precisam estar atentos às condições da própria
empresa e, buscar o recurso antes que ela seja impraticável. “Mas
ainda há muita desconfiança dos empresários em pedir a
recuperação judicial por medo de ficar mal visto no mercado”.
Contudo, também é necessário avaliar bem as próprias condições
já que a recuperação judicial é um processo caro, que inclui
despesas com assembleias e administração judicial.
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