18 de Março de 2008 - 15h:28

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Fundos liquidam contratos e commodities têm forte baixa

Nos fundamentos das commodities agrícolas, poucas foram as mudanças

Por: Valor On Line

Os sinais de enfraquecimento da economia dos Estados Unidos, que afetaram o desempenho das bolsas de valores ontem, também abateram o mercado de commodities agrícolas. Os contratos de soja, milho e trigo, os três principais negociados na bolsa de Chicago, encerraram o dia em seus limites de baixa.
A entrada dos fundos de investimento no mercado de commodities agrícolas deu o impulso para que o "trio de ferro" de Chicago saltasse a preços históricos neste ano. Ontem, o agravamento da crise americana levou ao movimento inverso. A liquidação acelerada dos contratos por investidores especulativos puxou a retração das cotações, segundo analistas.
Nos fundamentos das commodities agrícolas, poucas foram as mudanças. O cenário permanece, grosso modo, como de demanda firme pelos grãos e oferta global apertada. Guinada mais significativa poderá ocorrer no dia 31 de março, quando será apresentada a primeira estimativa de plantio nas lavouras americanas.
"Não mudou nada de sexta-feira para cá. Os fatores para a alta das commodities agrícolas, como o dólar enfraquecido e [os índices das] bolsas com desempenho negativo, permanecem. Mas, quando ocorre uma pane, como agora, não adianta olhar gráfico nem fundamentos", afirma Vinicius Ito, da corretora Newedge, de Nova York. "Nessas horas, o pessoal atira primeiro para ver depois".
Os contratos de soja negociados em Chicago que vencem em julho fecharam com o limite de baixa de 50 centavos de dólar, ou 3,65%, a US$ 13,1875 por bushel. Neste mês, os contratos do grão de segunda posição de entrega (normalmente os de maior liquidez) acumulam perda de 14,17%, segundo cálculo do Valor Data.
Ainda é prematuro prever se as fortes perdas das principais commodities agrícolas registradas nas últimas sessões podem se alongar, afirmam os analistas. Os contratos de segunda posição de entrega de soja acumulam alta de 8,61% em 2008 e de mais de 70% nos últimos 12 meses, de acordo com o Valor Data. "Mais do que dados técnicos ou sobre fundamentos, o que mais influencia agora é o sentimento de insegurança dos investidores", diz Eduardo Reinaldo Sarmento, analista da Safras&Mercado.
Ontem, em Chicago, os contratos de milho para julho caíram 20 centavos de dólar, ou 3,50%, a US$ 5,5125 por bushel, enquanto os de trigo também para julho recuaram 60 cents, ou 5,16%, para US$ 11,02 o bushel. No ano, em contrapartida, os papéis de segunda posição de entrega das duas commodities acumulam ganho de 18,10% e 23,40%, respectivamente. "É cedo para dizer se ocorrerá inversão no mercado de trigo. Não se sabe o tamanho da crise americana para dizer que reflexo ela terá sobre a demanda", afirma Elcio Bento, analista de trigo da Safras&Mercado.
O "efeito manada" que caracterizou a fuga maciça dos investidores do mercado de commodities agrícolas abateu ainda as "soft commodities" negociadas em Nova York. Os papéis de café para maio caíram 1.620 pontos, a US$ 1,36 por libra-peso. O cacau desceu ao menor valor em quase um ano e o suco de laranja encerrou a segunda-feira no menor nível desde o início de 2006. Algodão e açúcar também recuaram.


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