26 de Maio de 2008 - 19h:51

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Lula diz que fim da CPMF favorece quem não precisa de ajuda do governo

Por: G1

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva criticou nesta segunda-feira (26) o fim da Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF) e disse que a não cobrança do imposto favorece quem deixou de pagá-lo, mas prejudica os brasileiros que precisam do governo.

"Eu não vi nenhum produto reduzir preço depois do fim da CPMF. Parece que só aumentou o ganho de quem deixou de pagar. (...) Certamente o governador do Rio não precisa do governo, ele só contribui com o imposto de renda. Mas tem milhões de almas que se não tiverem o estado brasileiro colocando o dedo. Eles não estão organizados para reclamar, não vão à Brasília e não têm lobby", disse em evento na sede do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) no Rio de Janeiro.

O presidente disse que o fim da CPMF no Congresso - no fim do ano passado a Câmara aprovou, mas o Senado rejeitou - foi uma "guerra". "Eu vi a guerra que foi o fim da CPMF, retiraram R$ 40 bilhões que iriam para o PAC da Saúde que já tínhamos anunciado. Quem perdeu foi a saúde."

Fraudes no BNDES

O presidente fez referência ao esquema de desvio de verbas envolvendo empréstimos do banco público. "Em primeiro lugar, queria prestar solidariedade ao corpo de funcionários do BNDES. É bem possível que possa ter um ou outro funcionário que cometa desvios e tem que pagar o preço. Mas é verdade que poucos países conseguiram criar instituição de financiamento tão sólida quanto o BNDES", afirmou o presidente.

Há cerca de um mês, a Polícia Federal de São Paulo anunciou, durante deflagração da Operação Santa Tereza, ter descoberto um esquema de fraude envolvendo empréstimos do BNDES para prefeituras. O suposto esquema foi descoberto durante a operação que tinha por objetivo desintegrar uma organização suspeita de praticar tráfico de mulheres e explorar a prostituição.

Crescimento Econômico

Lula disse ainda que o crescimento das economias em desenvolvimento tem feito com que milhões de pessoas mudem de patamar social. “Vários países em desenvolvimento estão crescendo em um ritmo mais vigoroso que as economias tradicionais. Com isso, o elevador social começa a funcionar e o mundo vem mudando bastante nos últimos anos e para melhor”, disse.

"O Brasil vem fazendo o que deve ser feito com seriedade.Crescemos 5,4% no ano passado e neste momento nossa economia cresce ao ritmo de 5% ao ano. Podemos sofrer alguma conseqüência da crise internacional, mas estou certo, estou convencido de que agora trilhamos um caminho sustentável. Somos um dos raros países do mundo que conseguem diminuir a pobreza e a desigualdade. É o que nos diferencia do passado", disse Lula afirmando que a política de seu governo não é a de dar continuidade à política dos governos anteriores.

Lula disse que seu governo cuida das pessoas e da distribuição de renda. Para ele, não existe economia sustentável sem forte inclusão social.

"Não vale governar se não for para reduzir desigualdades", disse Lula.

 Amazônia

Ao citar os biocombustíveis como grande alternativa para diminuir a poluição do planeta, Lula disse que achava "engraçado" que países que são responsáveis por 70% dos poluentes jogados na atmosfera estejam de olho na Amazônia, como se somente o Brasil fosse responsável por conter a degradação ambiental.

"O mundo precisa entender que a Amazônia brasileira tem dono. O dono da Amazônia é o povo brasileiro: são os os ínidos, os seringueiros, os pescadores. Mas também somos nós. Temos consciência de que é preciso diminuir o desmatamento, as queimadas. Mas também temos a consciência de que é preciso desenvolver a Amazônia", disse Lula. 

O presidente disse que irá na próxima semana a Roma participar de reunião da FAO, onde vai mostrar a experiência do Brasil na produção simultânea de alimentos e etanol.

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