24 de Julho de 2008 - 14h:54

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Escritórios de advocacia encerram semestre com resultados positivos

Por: Valor Online

Nem a recente pressão inflacionária provocada pela alta dos preços do petróleo e das commodities agrícolas e nem os efeitos da crise do subprime nos Estados Unidos deram, até agora, qualquer indício de que vão impactar a era de resultados recordes inaugurada em 2007 pelo setor de serviços jurídicos no Brasil. Os escritórios de advocacia fecharam o primeiro semestre deste ano cumprindo as ambiciosas metas estabelecidas para 2008, diante do inédito resultado do ano passado. As operações de IPOs, paralisadas diante da queda da bolsa de valores, foram substituídas principalmente pelo fortalecimento dos negócios envolvendo fusões e aquisições.

"Houve crescimento e nenhuma mudança no volume de trabalho em função da crise externa", afirma Moacir Zilbovicius, sócio do escritório Mattos Filho Advogados. Segundo ele, as operações de fusões e aquisições cresceram no primeiro semestre deste ano, mesmo diante do recorde obtido em 2007 - a banca participou de 26 operações envolvendo US$ 27 bilhões, contra US$ 9 bilhões no mesmo período do ano passado e US$ 15 bilhões, se considerado todo o ano, de acordo com o ranking da Thomson Reuters Markets. "Pelas projeções do segundo semestre, fecharíamos o ano com 52 operações anunciadas", diz.

Os resultados do primeiro semestre trazem um alívio para os escritórios diante da "nuvem negra no céu" apontada pelos escritórios e pelas metas generosas estabelecidas para o ano. "Tínhamos dúvida em relação ao cumprimento da meta no início do ano, já que ela é maior do que a de 2007", diz Zilbovicius. "Mas pelo resultado do semestre a idéia é que se feche o ano com crescimento." "Ficamos um pouco ambiciosos depois do ano passado e fizemos uma estimativa agressiva para este ano", afirma Rogério Lessa, sócio, diretor geral e membro do conselho de administração do escritório Demarest & Almeida Advogados, cuja meta de crescimento em relação a 2007 é de chegar a um crescimento de 15% no faturamento.

A intensa movimentação nos escritórios no primeiro semestre deste ano foi inesperada para alguns advogados, que acreditavam que a crise financeira externa e a queda da bolsa poderiam impactar a atividade jurídica. "Foi surpreendente, tivemos um aumento de 20% no faturamento em relação ao mesmo período do ano passado", diz José Luís de Salles Freire, sócio do escritório TozziniFreire Advogados. O Pinheiro Neto Advogados, prevendo uma desaceleração da economia diante dos sinais de uma crise no mercado de crédito no fim do ano passado, estabeleceu a meta de repetir os bons resultados obtidos em 2007. "Estávamos contando com uma retração, mas tivemos um semestre igual ao segundo do ano passado e um crescimento de 5% em relação ao primeiro", diz Alexandre Bertoldi, sócio e membro do comitê diretivo e do grupo executivo da banca.

Bertoldi não acredita, no entanto, que o segundo semestre do ano repetirá os mesmos resultados. "O Brasil está bem protegido, mas não está blindado", diz. Bruno Soter, sócio diretor do escritório Barbosa, Müssnich & Aragão Advogados - cujo faturamento cresceu 20% no primeiro semestre na comparação com o mesmo período do ano passado - faz uma outra avaliação para sustentar a tese de que, no que se refere ao mercado de serviços jurídicos, o bom momento pode se estender. "A advocacia está há algum tempo descolada do crescimento da economia, e isso em todo o mundo", diz.

Cristine Prestes, De São Paulo
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