18 de Setembro de 2008 - 14h:37

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Bovespa cai 6,74% e volta ao nível de abril de 2007

Por: Portal Exame - Cláudia Violante

Agência Estado  -  A injeção de US$ 85 bilhões do Federal Reserve (Fed, banco central americano) na seguradora AIG não cessou os temores do mercado financeiro e a quarta-feira foi mais um dia de perdas acentuadas nas bolsas de valores. O índice Bovespa, principal referência da negociação no pregão da Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa), perdeu o nível de 46 mil pontos com o desmonte das posições de investidores estrangeiros dos ativos domésticos. As ações da Petrobras, que chegaram a subir em boa parte da tarde seguindo a disparada do petróleo, acabaram cedendo à pressão baixista, que ainda contou com a mão pesada das vendas em Wall Street.

O Ibovespa despencou 6,74% hoje, na segunda maior queda do ano (a maior foi na segunda-feira, de 7,59%), para 45.908 pontos, o menor nível desde 2 de abril do ano passado, quando registrou 45.597 pontos. No mês, as perdas da Bolsa somam 17,55% e, no ano, 28,14%. O volume financeiro totalizou R$ 7,457 bilhões (preliminar), o maior do mês.

Em Wall Street, o índice Dow Jones derreteu 4,06%, aos 10.609,66 pontos, o S&P 500 recuou 4,71%, aos 1.156,39 pontos, e o Nasdaq, na mínima do dia, perdeu 4,94%, aos 2.098,85 pontos.

Depois que o socorro emergencial do Fed à AIG falhou em tranqüilizar o mercado, apesar da injeção de US$ 85 bilhões na maior seguradora americana, os investidores se perguntam quem será a próxima vítima. "Se até a maior seguradora do mundo estava com problemas, imagine a situação dos outros", resumiu a analista de renda variável da Global Equity, Mariana Gonçalves.

E candidatos não faltam. Hoje, no Reino Unido, o Lloyds se comprometeu a comprar o banco hipotecário HBOS por 15 bilhões de libras esterlinas, numa transação que deve ser detalhada na madrugada desta quinta-feira. Nos EUA, o banco de investimentos Morgan Stanley estaria considerando se unir a outra instituição, dependendo do comportamento de suas ações e apesar de ter antecipado seu balanço para ontem para justamente tentar neutralizar o movimento vendedor contra os papéis. Do banco de investimentos em recuperação judicial Lehman Brothers, o banco britânico Barclays confirmou ter pago cerca de US$ 1,7 bilhão por parte dos ativos do que era o quarto maior banco de investimentos dos Estados Unidos.

Ou seja, do quadro financeiro conhecido até pouquíssimo tempo atrás, em breve poucos atores restarão e a pergunta é justamente: quais? Os principais bancos centrais continuaram sua estratégia de injetar liquidez ao sistema. Hoje, a carteira foi aberta por Japão, Austrália e Índia, enquanto nos EUA o Tesouro americano anunciou um programa de financiamento para garantir recursos ao Federal Reserve, com a emissão de títulos de curto prazo.

O movimento dos investidores foi se desfazer do risco, daí a fuga da Bovespa e a justificativa para a disparada dos contratos futuros de ouro. O petróleo também fechou com alta perto de 7%, ainda ajudado pela queda maior do que o previsto nos estoques do petróleo. Na Bolsa Mercantil de Nova York (Nymex, na sigla em inglês), o contrato com vencimento em outubro subiu 6,59%, para US$ 97,16 o barril. Na Comex, divisão de metais da Nymex, os contratos de ouro com vencimento em dezembro dispararam US$ 70,00 (8,97%) e fecharam a US$ 850,50 por onça-troy (equivalente a 31 gramas).

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