SÃO PAULO - A Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) deu continuidade ao movimento comprador iniciado ontem e retomou os 51.500 pontos. Estimulados pelo avanço das negociações quanto ao resgate do sistema financeiro dos Estados Unidos, os investidores foram às compras impulsionando uma alta de 3,98% para o Ibovespa, que fechou aos 51.828 pontos. O giro financeiro ficou em R$ 5,23 bilhões.
O dia também foi de ganhos expressivos em Wall Street, onde o Dow Jones teve valorização de 1,82%, enquanto a bolsa eletrônica Nasdaq avançou 1,43%.
As ordens de compras aqui e em Nova York se acumulavam conforme crescia a expectativa de aprovação no plano de ajuda ao setor financeiro norte-americano. O pregão encerrou sem uma resposta final do congresso, mas as indicações são de que uma conclusão deve sair em breve.
Segundo o analista da Leme Investimentos, João Pedro Brugger Martins, as notícias e as conversas dos congressistas de que o plano sai nos próximos dias levaram os investidores a fazer algo que já deviam ter feito há algum tempo: colocar a aprovação do pacote no preço dos ativos.
O ponto alto do dia foi quando o senador Chris Dodd, chefe do comitê bancário do Senado dos EUA, disse que os fundamentos do acordo foram fechados entre democratas e republicanos.
Martins afirma que o próximo passo depois que o pacote de US$ 700 bilhões for confirmado é observar o comportamento do investidor externo com relação aos mercados emergentes.
Pela avaliação do especialista, a Bovespa precisa de fluxo externo para firmar uma tendência mais positiva. E já algum sinal nessa direção.
Segundo dados da própria Bovespa, até o dia 22 de setembro o saldo estrangeiro estava negativo em R$ 379 milhões, o que indica uma forte entrada de recursos, pois até o dia 18, o saldo era negativo em R$ 1,14 bilhão.
Martins não acredita que a volatilidade deve cair no curto prazo, com novas reações exacerbadas ao noticiário. Por outro lado, o analista se diz ainda mais otimista quanto ao comportamento do mercado no médio e longo prazo devido ao preço extremamente atrativo das ações em comparação com outros mercados emergentes. Além disso, o especialista ressalta que o Brasil tem se comportam bem diante da crise externa.
Dentro do Ibovespa, o destaque segue com os ativos de maior liquidez. Petrobras PN subiu 4,52%, para R$ 36,05, Vale PNA ganhou 4,89%, para R$ 35,82, e BM & FBovespa ON avançou 5,76%, para R$ 8,99.
Liderando os ganhos, o papel PN da Lojas Americanas teve a primeira alta em uma semana, avançando 10,66%, para R$ 8,20. Outras varejistas que vinham caindo forte até ontem também recuperaram valor. Lojas Renner ON, B2W Varejo ON e Pão de Açúcar PN subiram mais de 7% cada. Ainda na ponta compradora, Cesp PNB apresentou valorização de 9,34%, encerrando a R$ 16,50, e Telemar Norte Leste PNA também ganhou mais de 9%, valendo R$ 58,98.
Apenas cinco dos 66 papéis que compõem o Ibovespa apresentaram queda. O ativo ON da CSN perdeu 1,93%, para R$ 46,15. O papel reflete notícias apontando que diminuiu o número de interessados em comprar os ativos de mineração da companhia.
Baixa também para o papel PN da Sadia, que fechou com queda de 2,0%, valendo R$ 9,30. O papel pode cair mais amanhã. Ao final do pregão, a companhia reportou uma perda financeira de R$ 760 milhões com operações de câmbio.
Fora do Ibovespa, atenção para o recebível da trading agrícola Agrenco. O papel da empresa, que está em recuperação judicial, subiu mais de 60%, e agora vale R$ 0,22. Ontem, quando retomou negócios depois de semanas suspenso, o ativo caiu mais de 70%.