29 de Setembro de 2008 - 13h:35

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Grupo Noble quer ampliar investimentos no Brasil

Por: Tv Jornal

A gigante do comércio mundial Noble Group, com sede em Hong Kong, está com seus radares voltados para o Brasil. Especializada em produzir e negociar commodities, a companhia quer transformar o País em sua quinta maior operação mundial.

Em todo o mundo, a Noble fatura mais de US$ 11 bilhões por ano. A empresa começou no Brasil como trading agrícola, exportando grãos. Hoje tem investimentos em logística, usinas de álcool e açúcar e mineração. Neste mês, o grupo deu mais um sinal do apetite pelo mercado brasileiro, ao iniciar a construção de um terminal no porto de Santos (SP), o primeiro da empresa no País.

O empreendimento de dezenas de milhões de dólares (o valor exato não foi revelado) irá escoar mais da metade da sua produção de grãos e açúcar para China, Oriente Médio e Europa, principalmente. "O Brasil é uma de nossas prioridades em investimentos", diz Ricardo Leiman, brasileiro que está à frente das operações do grupo em Hong Kong há cinco anos.

O anúncio no País é um sinal da confiança nos mercados emergentes, que têm recebido a maior parte da atenção da empresa nos últimos anos. Segundo Leiman, a crise financeira e a possibilidade de desaceleração da economia mundial ainda não preocupam o grupo. "Estamos focados hoje em países do Oriente Médio, Ásia e América Latina, onde a demanda doméstica vai continuar crescendo, mesmo que em um ritmo menor", diz Leiman.

Com capacidade para armazenar 90 mil toneladas de açúcar e 73 mil toneladas de grãos (soja ou milho), o terminal no porto de Santos entrará em operação em novembro de 2009. "Ele vai garantir mais eficiência que qualquer outro porto local. Com isso, nosso açúcar a granel será exportado com maior agilidade", afirma. O grupo entrou forte no setor de álcool e açúcar no ano passado. Comprou uma usina em Votuporanga (SP), onde quadruplicou a capacidade de produção, e iniciou a construção de outra em Meridiano (SP).

Até 2011, o objetivo é chegar a uma capacidade de processamento de 10 milhões de toneladas de cana-de-açúcar por ano. "Queremos estar entre os cinco ou dez maiores produtores nacionais de etanol em alguns anos."

Além do terminal em Santos, a companhia está erguendo um terminal líquido em Itaqui (MA), para escoar a matéria-prima. A região foi escolhida por estar mais próxima dos mercados visados pelo etanol que a empresa vai produzir: Estados Unidos e Europa.

O grupo começou a verticalizar as operações em todo o mundo há cinco anos. No Brasil, desde então, foram adquiridos e construídos cinco armazéns de estocagem de grãos. Também foram feitos investimentos em mineração - a compra de parte da mineradora Mhag, que explora e tem reservas de ferro no Nordeste - e em uma indústria de fertilizantes. Estima-se que os investimentos já realizados e em andamento no País cheguem a US$ 600 milhões - os executivos, porém, não confirmam os valores.

Além de reduzir custos, a atuação integrada e a compra de ativos fixos fizeram a empresa triplicar de tamanho no País. No ano passado, o faturamento da operação brasileira chegou a uma expansão de 60%.

Globalmente, a companhia cresceu 20%, com vendas de US$ 23,5 bilhões em 2007. Praticamente o mesmo valor (R$ 20 bilhões) foi atingido nos primeiros seis meses deste ano.

"Além de focar em commodities, onde o Brasil é bastante competitivo, investir em infra-estrutura também tornou-se prioridade", conta Leiman. Segundo ele, o processo industrial já responde por um terço da receita total da companhia.

"Vamos continuar crescendo organicamente e por meio de aquisições", diz. O executivo não descartou a compra da Agrenco, trading nacional que foi alvo de operação da Polícia Federal e teve seus principais executivos presos, em junho.

Na época, o grupo de Hong Kong fez uma proposta pela Agrenco, que também recebeu ofertas de outras multinacionais de commodities: Louis Dreyfus e Glencore. Leiman confirmou que a empresa analisa ativos no País, inclusive a Agrenco, que teve seu pedido de recuperação judicial aprovado na semana passada.

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