07 de Outubro de 2008 - 13h:59

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Venda de máquinas sobe e 'foge' da crise

Por: Valor Econômico - Patrick Cruz

A crise financeira ainda não atingiu o setor de máquinas agrícolas, mesmo em um momento de crédito mais restrito e receio dos produtores rurais com a receita da safra 2008/09, marcada por aumento dos custos, o que pode afetar as margens de comercialização. Em setembro, as vendas no mercado interno cresceram a ponto de fazer do mês o melhor nesse quesito em todo o ano de 2008. 

"Todos os fatores que fizeram o setor de máquinas agrícolas iniciar sua retomada, há dois anos, continuam presentes", diz Milton Rego, vice-presidente para o segmento da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea). "O crescimento em 2008 vai se concretizar e mesmo no próximo ano deve haver mais um pequeno avanço". 

Com quase 5,5 mil unidades comercializadas em setembro, as vendas cresceram 7,5% em relação ao mês anterior e 52,4% em comparação com setembro de 2007. No acumulado de 2008, as vendas no mercado interno atingiram 41 mil unidades em setembro, volume 48,4% superior ao do mesmo período do ano anterior.

A produção da indústria teve um leve decréscimo em setembro, de 0,2%, para 7,9 mil máquinas, em relação a agosto. Ainda assim, foi o segundo melhor mês do setor em 2008. Em comparação com setembro de 2007, o crescimento foi de 37,9%. No acumulado do ano, o crescimento chegou a 32,7%, para 63,4 mil unidades. 

A compra de máquinas é, em grande medida, dependente do financiamento pelo Moderfrota (linha de crédito do BNDES para a renovação de máquinas agrícolas). Até agosto, segundo os dados mais recentes do banco, a liberação do Finame Agrícola chegou a R$ 1,66 bilhão, montante 34% superior ao do mesmo período de 2007 e praticamente o dobro registrado entre janeiro e agosto de 2006. Mais de 85% dos tomadores do Finame Agrícola recorrem ao Moderfrota , que respondeu por R$ 1,8 bilhão dos R$ 2,1 bilhões liberados para o Finame Agrícola em 2007. 

"Os preços das commodities agrícolas, por mais que tenham recuado nas últimas semanas, permanecem em níveis elevados. O dólar em alta, ainda que encareça os insumos importados, aumenta a receita com exportações. E a demanda externa por grãos e proteína animal continua elevada", avalia o dirigente da Anfavea. 

O avanço do dólar em setembro, contudo, não impediu que a indústria encerrasse o mês com decréscimo nas vendas ao exterior, tanto em receita quanto em unidades comercializadas. As vendas externas de máquinas atingiram 2,4 mil unidades em setembro, volume 18,7% menor que o do mês anterior e 5,5% mais baixo que o de setembro de 2007. No acumulado do ano, em contrapartida, já foram exportadas 22,8 mil máquinas, ou 16,8% a mais que no intervalo entre janeiro e setembro de 2007. 

Em receita, as exportações caíram 7,3% entre agosto e setembro, para US$ 1,25 bilhão. O recuo pode ser creditado a um "ajuste de cada empresa para adequação de estoques", afirma Milton Rego, mas não indica, segundo ele, um cenário de queda. Parte do recuo também pode ser explicado pela crise entre governo e produtores rurais na Argentina, que mais de uma vez suspenderam exportações de grãos neste ano como forma de pressão contra a mudança na tributação sobre embarques - a Argentina é a maior compradora de máquinas agrícolas brasileiras. 

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