05 de Fevereiro de 2007 - 18h:35

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O bom negócio das centrais

Por: Diário do Comércio

Desde que as pequenas empresas de supermercados se conscientizaram de que era preciso oferecer a seus clientes muito mais do que preços baixos, se quisessem sobreviver à concorrência das grandes redes, o segmento das associações e centrais de negócios não parou de crescer. Em 2005, o faturamento real registrou um aumento de R$ 10,7% sobre 2004, ante magros 0,9% do setor de supermercados em geral no mesmo período, segundo o Ranking Abras. Os R$ 14,2 bilhões ao ano faturados pelas empresas associadas em redes correspondem hoje a 13% das vendas totais registradas.

"Criamos uma cultura de associativismo que está permitindo às pequenas e médias empresas profissionalizar amplamente sua gestão", comemora Paulo Valmir Vargas e Silva, coordenador do Comitê Abras de Redes e Associações de Negócios (Cran). "Os resultados já estão aparecendo na forma de melhora dos níveis de eficiência, próximos à média obtida pelas 300 maiores empresas do setor de supermercados."

As centrais de negócios surgiram no Brasil no rastro da chegada das grandes redes de supermercado. Pequenas lojas se uniram, visando a conseguir uma melhor negociação junto ao fornecedor, em função da maior escala de compra. Em pouco tempo, porém, os lojistas perceberam que jamais conquistariam a preferência e – o principal – a fidelização do consumidor, se não investissem em um melhor sistema de gestão, serviços diferenciados e em um mix de produtos voltados para o perfil de seu público.

"A meta de uma associação de negócios hoje é oferecer às empresas associadas uma estrutura global administrativa, financeira, jurídica e de recursos humanos semelhante à de redes como Carrefour ou o Grupo Pão de Açúcar, agregando a vantagem de sermos mais ágeis e estarmos mais próximos dos clientes", explica Lúcia Mitiko Morita, proprietária do supermercado Portal, na zona norte de São Paulo, e presidente da rede Super Vizinho, que congrega 36 lojas.

Fortes e bastante consolidadas no Rio Grande do Sul – berço do cooperativismo no Brasil – as centrais começam a se fortalecer em São Paulo. Atualmente, 21 entidades representam aproximadamente 600 lojas em todo o estado, respondendo por um faturamento anual de R$ 3,5 bilhões. "Estamos colocando em prática um novo conceito, que sempre foi pouco tradicional entre os paulistas, mas vem se firmando nos últimos anos", explica Edivaldo Bronzeri, presidente da rede Parceiros e vice-presidente de Centrais de Negócios da Associação Paulista de Supermercados (Apas).

Na Europa, principalmente nos países nórdicos, e nos Estados Unidos, o conceito do cooperativismo no varejo é bastante desenvolvido. Em algumas regiões, as cooperativas chegam a ter 90% de participação no segmento em que atuam.

No Brasil o processo ainda está em evolução, mas o aumento significativo do número de empresas associadas a redes – de 1,5 mil em 2000 para mais de 3 mil em 2005, segundo o Ranking Abras – atesta que as centrais estão na direção certa. "Muitas redes já atingiram o que consideramos o terceiro estágio, depois da centralização das compras e da operação e serviços", afirma Paulo Valmir, coordenador do Cran. "Nessa última etapa, prioriza-se a qualificação e treinamento de recursos humanos e as ações conjuntas de marketing, padronização de layout e comunicação visual".
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