22 de Outubro de 2008 - 13h:51

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Ferramentas Gerais mantém planos de investimento

Por: Valor Econômico - Sérgio Bueno

Sem se intimidar com a crise financeira global que já reduz o nível de atividade em setores como papel e celulose, automobilístico e siderúrgico, a Ferramentas Gerais confirmou ontem um programa de R$ 250 milhões em investimentos para o período de 2008 a 2011 e prevê chegar a um faturamento bruto de R$ 2 bilhões em 2013, mais do que o dobro dos R$ 922 milhões previstos para este ano. A distribuidora de insumos, ferramentas e equipamentos industriais controlada pelo grupo gaúcho SLC também está se preparando para seguir os passos da coligada SLC Agrícola e abrir o capital assim que o mercado estiver "mais adequado", disse o diretor-presidente da Ferramentas Gerais, Marcelo Favieiro. 

Conforme o executivo, que assumiu o posto em julho deste ano como parte do processo de profissionalização da gestão da companhia, o prazo da emissão primária de ações e o nível de governança corporativa que será adotado ainda não foram definidos pelo grupo. "Embora as condições de mercado não sejam favoráveis no momento, a abertura de capital é uma forma inteligente para suportar um crescimento saudável", afirmou Favieiro. O balanço da empresa é auditado pela Ernst&Young. 

Líder do mercado brasileiro de manutenção, reparo e operação (conhecido pela sigla MRO) para os setores industriais e de serviços, com uma participação estimada por ela em cerca de 25%, a empresa entende que mesmo segurando projetos de expansão em função da crise, os clientes vão investir em ganhos de competitividade para reduzir custos e também estreitar o relacionamento com fornecedores confiáveis. Essas tendências devem favorecer a Ferramentas Gerais, acredita Favieiro. 

De acordo com o diretor-presidente, o programa de investimentos até 2011 será bancado em parte pelos R$ 110 milhões obtidos no fim de 2007 na oferta secundária de ações que a empresa detinha da SLC Agrícola. Também serão empregados recursos de caixa e financiamentos bancários. "Os bancos consideram a Ferramentas Gerais uma empresa de baixíssimo risco", explicou Favieiro, um executivo com passagens por empresas como Tintas Killing, AmBev, Selenium e Vulcan Plásticos. 

Com 2 mil funcionários, 80 mil clientes e um estoque de 120 mil itens, a empresa gaúcha planeja abrir quatro novos centros de distribuição de grande porte no ano que vem nas regiões Sudeste e Nordeste. Hoje a companhia dispõe de quatro centros de distribuição e dez lojas nos Estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Minas Gerais, Espírito Santo, Bahia e Pernambuco, além de cerca de 60 "factory stores", estruturas que funcionam nas dependências físicas dos clientes. 

As chamadas "vendas externas", a cargo de uma equipe de aproximadamente 200 vendedores e de 60 promotores técnicos que dão suporte aos clientes, respondem por 50% do faturamento da empresa. Os negócios por telefone representam outros 30%, enquanto as lojas convencionais e as "factory stores" dividem os 20% restantes. 

Mesmo assim, segundo o diretor de suprimentos da Ferramentas Gerais, João Silveira, novas lojas também deverão ser abertas em outras regiões do país. A instalação de unidades fora do Brasil foi adiada de 2009 para 2010 em função do mercado "nervoso", mas a empresa mantém o interesse em chegar a mercados industrializados como Argentina, Chile e Venezuela, disse o diretor-presidente. Favieiro não quis comentar a possibilidade de aquisições de empresas menores, mas essa não é uma prática inédita para a Ferramentas Gerais, que desde 2003 incorporou a Metalsolda, de São José do Rio Preto (SP), e a Rexel, de São Paulo, sem contar outras três aquisições feitas nos anos 60 e 70 na região Sul. 

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