Montadora estuda qual discurso viabiliza Fiat 500 no país
Por: Valor Econômico - Lílian Cunha
Trend, segundo o dicionário da língua inglesa Oxford, é um adjetivo usado para denominar pessoas super alinhadas com a moda. Gente que capta a tendência mais moderna e gosta de andar na vanguarda. Trend, segundo a Fiat, é o conceito do reestilizado 500 (pronuncia-se cinquecento), que a Fiat vai expor no 25º Salão Internacional do Automóvel, que começa na quinta em São Paulo. Durante o evento, a empresa pesquisará o que os consumidores pensam do pequeno carro e qual seria sua receptividade por aqui.
"O 500 é diferente dos outros porque é um produto com apelo emocional muito forte", diz Carlos Eugênio Dutra, diretor de produto da Fiat. O carrinho, que parece uma joaninha, ou um Fusca bem menor, foi um dos ícones da indústria automobilística nos anos 50. Meio século depois, o modelo foi relançado com formas atuais. "O 500 mostra que sua história está mais presente do que nunca. Comparando com cinema, ele seria o Batman", diz Dutra.
Isso porque, como o super herói o 500 foi desenhado, produzido e vendido no início do século passado (o carro na década de 50 e o personagem nos anos 30). Em 1975, saiu de linha. Mas ao voltar, assim como o sucesso das telas, superou expectativas. Há um ano, durante o relançamento europeu, a Fiat esperava vender 80 mil unidades. Alcançou 260 mil. No México, onde chegou às lojas há dois meses, a meta era mais singela: vender 100 unidades em 3 meses. Mas a centena de "cinquetentos" foi vendida em duas horas.
"O carro evoca a década de 50, mas é moderno. No Brasil, vai ser o único supercompacto premium do mercado. Em todo lugar onde foi lançado, o carro atingiu um público jovem, solteiro, predominantemente feminino e também uma parcela de gente mais velha, com aspiracional jovem, fashion. Queremos testar o carro com os consumidores aqui para lançá-lo em 2009."
Com apenas 3.550 mm de comprimento lateral (é tão pequeno que a Fiat faz a divulgação do modelo com medidas em milímetros), o 500 é 28 centímetros mais curto que o Ford Ka, o menor carro fabricado no país, com 3,83 metros de comprimento. "Será um pequeno carro de luxo", diz o executivo da Fiat.
O lançamento no Brasil está previsto para o ano que vem. Mas data, preço, estratégia de lançamento, definição do público alvo e comunicação com o consumidor são fatores que serão definidos com base na pesquisa que a empresa fará até 9 de novembro, entre os visitantes do Salão do Automóvel. A sondagem é importante pois a Fiat precisa saber se o modelo tem aqui o mesmo valor emocional que para os europeus. Afinal, é esse apelo que faz o Fiat 500 ser um sucesso de vendas. E, considerando impostos, custos de importação e seu preço na Europa entre 10,5 mil euros e 15 mil euros (R$ 43 mil), é preciso ter um bagageiro com muitas emoções para convencer o consumidor desembolsar estimados R$ 100 mil pelo carrinho.
