03 de Novembro de 2008 - 14h:54

Tamanho do texto A - A+

Bônus e incentivos para quem sobreviveu aos cortes

Por: Valor Econômico

Depois da queda de 30% na força de trabalho nos Estados Unidos nos últimos 12 meses e de 763 mil cortes de vagas só em setembro, as empresas agora estão preocupadas em manter a lealdade e a produtividades dos profissionais que permaneceram em seus quadros. Até porque, com equipes reduzidas, eles estão enfrentando jornadas mais pesadas de trabalho. 

Além de manter os programas de incentivos, que aumentaram de valor, algumas companhias estão considerando até mesmo cumprir as promessas de bônus, de acordo com pesquisa recém divulgada pela Challenger, Gray & Christmas, consultoria global de outplacement. O estudo, realizado no começo de outubro, ouviu 100 executivos de recursos humanos de indústrias, de diversos setores. Nele, 57% dos gestores revelam que suas empresas não mudaram os planos de incentivos existentes. Somente 10% planejam reduzi-los. 

Surpreendentemente, só 20% das companhias tiveram de cortar ou eliminar incentivos como parte das medidas de contenção de despesas. E 35% cortaram para manter as vagas e evitar demissões. 

Como medida para manter isso, a pesquisa da Challenger revela que 50% das corporações planejam aprovar as recompensas deste ano. Só 4% disseram que pretendem reduzir o tamanho dos bônus, enquanto 23% confirmam que o valor será o mesmo do ano anterior. 

Apesar da queda na oferta de emprego, segundo a consultoria, as organizações precisam continuar com os recrutamentos para ter uma rede consistente de candidatos, pensando na carência de profissionais que voltará a existir quando a economia se recuperar. 

Um levantamento feito com 607 executivos de recursos humanos conduzido pela BNA, empresa de pesquisa de negócios, revela que apesar da crise, 34% dos recrutamentos e retenções foram identificados como prioritários em suas companhias. "As que eliminam bonificações no fim do ano vão provavelmente descobrir que a lealdade e a produtividade dos funcionários foram fortemente reduzidas", diz John Challenger, Chief Executive Officer (CEO) da consultoria, em comunicado. 

Algumas empresas aprenderam isso com as lições da recessão de 2001 e conseqüentemente com a recuperação dos desempregados que durou até 2003. Outras perceberam que podem oferecer incentivos amplamente valorizados pelos funcionários e que custam pouco para a empresa, ou quase nada. Na verdade, 35% dos executivos de recursos humanos pesquisados que disseram que suas empresas não cortaram incentivos indicam que elas utilizam bônus de baixo custo e com isso evitam as demissões. "Oferecer amenidades como trabalho informal, expediente mais curto às sextas-feiras durante o verão e escritórios que aceitam animais domésticos são alguns exemplos de benefícios extremamente populares entre os funcionários", diz o CEO. 

Na opinião de Challenger, os incentivos de baixo custo podem ser importantes na recuperação do astral da equipe. Dinheiro não é a única forma ou meio mais importante de fazer um funcionário feliz. "Fatores como o ambiente de trabalho e jornada flexível assim como oportunidade de promoção e crescimento contribuem muito com a satisfação", diz. 

Muitos funcionários querem benefícios alternativos, diz uma pesquisa da Salary.com. O estudo mostra que entre as respostas mais comuns estão as possibilidades de desenvolvimento na carreira, trabalhar de casa e ter períodos adicionais de férias. A economia deve piorar e isso pode tornar difícil para algumas empresas proverem até os menores incentivos, como café gratuito, diz Challenger. "Para aquelas que forem forçadas a diminuir os benefícios para salvar os trabalhadores, é importante separar algum tempo para avaliar com cuidado quais serão alterados." 

As companhias devem considerar a inclusão dos funcionários nesse processo. Eles vão gostar pelo menos de saber quais incentivos serão cortados e porquê. Além disso, as empresas precisam ficar atentas em relação à disparidade entre os incentivos oferecidos a executivos e aos demais empregados. "Vai ser muito difícil justificar a eliminação do cafezinho para os funcionários se os executivos continuarem a ter licença em academias de ginástica e aluguel de carros", explica.

VOLTAR IMPRIMIR