13 de Novembro de 2008 - 14h:08

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Crise faz sua 1ª vítima

Por: Gazeta de Ribeirão - Raissa Scheffer

À beira da falência: Colapso global agrava crise na usina Albertina; dívidas de US$ 100 mi levam a pedido de recuperação judicial

A Companhia Albertina, usina de açúcar e álcool localizada em Sertãozinho, entrou com pedido de recuperação judicial na última segunda-feira para negociar com seus credores uma dívida de US$ 100 milhões. A União da Indústria da Cana-de-açúcar (Unica) informou que não foi comunicada da decisão e que não tem informações de outras indústrias do setor que já tenham entrado com o mesmo pedido. Dificuldades no mercado de açúcar, agravadas pela alta do dólar e a escassez de crédito, resultantes da crise internacional, ocasionaram a dívida na usina.

De acordo com o assessor financeiro da Companhia Albertina, Gabriel Andrade, o pedido de recuperação judicial tornará as negociações com os credores mais simples. “É um processo de negociação normal, porém mais claro, pois é reconhecido e acompanhado por um juiz”, disse.

O assessor disse que, com o pedido judicial, a usina tem até seis meses para apresentar um plano de recuperação da dívida. “Temos esse tempo, mas, como estamos em uma fase avançada de negociação com nossos credores, devemos fechar o acordo em aproximadamente um mês.” Segundo Andrade, a ação também garante que todas as atividades da empresa sejam mantidas normalmente enquanto as negociações são feitas. E não haverá mudanças na produção ou quadro de funcionários.

A dívida da empresa com bancos, fundos e outros agentes financeiros, que está em linha de negociações há três meses, é resultado de adiantamentos para a exportação de açúcar. “São valores referentes a linhas de crédito usadas pela usina para fomentar sua produção e exportação. E os pré-pagamentos para a exportação são maioria”, disse Andrade.

Mercado vive dificuldades

A dívida no valor de US$ 100 milhões contraída pela Companhia Albertina é resultado das dificuldades no mercado de açúcar, e foi agravada pelos efeitos da crise mundial, com a alta do dólar e a escassez de crédito. “Os preços caíram bastante e o mercado está difícil para a venda de açúcar. Com a disparada no valor do dólar e a falta de renovação de linhas de crédito, a dívida alcançou esse valor. Infelizmente, a usina Albertina não conseguiu escapar dessa situação, que ameaça vários setores da economia”, disse o assessor financeiro da usina Gabriel Andrade. De acordo com Andrade, em 85 anos de operação, a companhia nunca deixou de cumprir seus contratos. “As renegociações e adiamentos que ocorrem hoje foram causados pela crise.” Hoje, a usina Albertina, especialista na produção açucareira, tem capacidade para moer 1,5 milhão de toneladas de cana-de-açúcar, produz 3 milhões de sacas de açúcar e emprega 1,7 mil funcionários. A empresa possui uma capacidade de estocagem de 28 mil m³ de álcool e 1,5 milhão de sacos de 50 quilos de açúcar. (RS)

AMEAÇA

1,7 mil funcionários tem a usina Albertina, em Sertãozinho

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