21 de Novembro de 2008 - 11h:36

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Primeira recuperação judicial do ABC livra metalúrgica da falência

Por: ABC Repórter - George Garcia

A assembléia com os credores realizada ontem no refeitório da Fris-Moldu-Car, garantiu o processo de recuperação judicial da empresa. A decisão foi comemorada pela diretoria, pelos funcionários e pelo Judiciário. A decisão representa para a empresa, que já empregou 2,5 mil funcionários, entre eles o metalúrgico Luiz Inácio Lula da Silva, o início de um processo de recuperação. A meta é que, em seis meses, a fábrica de frisos e outros itens para a indústria automobilística, volte ao antigo potencial de produção, alcançado em 2004. Foi na Fris, que Lula perdeu o dedo mínimo esquerdo quando trabalhava em uma prensa, o que traz um simbolismo a mais para a recuperação da metalúrgica.

O processo de recuperação foi colocado na mesa de negociação no ano passado, quando a empresa ficou sitiada pelos funcionários, em paralisação pelo atraso de salários. A empresa ficou ocupada pelos trabalhadores entre fevereiro e novembro do ano passado. A solução veio do empenho pessoal do juiz Gersino Donizeti do Prado, da 7ª Vara Cível do Fórum de São Bernardo, que propôs ao Sindicato dos Metalúrgicos do ABC a recuperação judicial. Até então a entidade de classe preferia aguardar a falência para tentar montar uma cooperativa e gerir a fábrica. "A recuperação dessa empresa é um marco para a região, foi um processo muito difícil, mas no qual me dediquei muito. A participação do sindicato, que depois entendeu que a falência não era um bom negócio, também foi decisiva para o resultado da assembléia de hoje (ontem) com aprovação de 97,3%", disse o magistrado.

Pelo acordo a Fris vai vender uma parte do imóvel, avaliado em aproximadamente R$ 11 milhões, para o pagamento de dívidas trabalhistas e com fornecedores. A Justiça irá fiscalizar e o valor será depositado em juízo. "Ninguém põe a mão no dinheiro, a justiça faz o repasse. Foi o melhor acordo, porque a falência não seria boa para ninguém, não sobra um tostão para pagar", disse Prado ao acrescentar que esse foi o primeiro acordo de recuperação judicial celebrado no ABC.

José Roberto Ferreira Rivielo, presidente da Fris-Moldu-Car, relembra os fatores que levaram à crise financeira da empresa. "Quando assumimos o controle já haviam problemas, mas em 2004 tivemos uma recuperação, mas diante de greves, a última delas em agosto de 2006 a coisa ficou mais séria porque perdemos o contrato com a GM e depois outras sete multinacionais. Aí é que não teve jeito de pagar os 400 funcionários com menos da metade do faturamento", recorda. Diante do resultado da assembléia de ontem o empresário é otimista quanto ao futuro da empresa. "Hoje estamos com 40 funcionários e vamos retomar a produção normal em cerca de 6 meses". O presidente destacou que a participação do sindicato, o mesmo que iniciou o movimento grevista, foi fundamental para o desfecho da situação.

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