24 de Novembro de 2008 - 14h:27

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Crédito à exportação cresce 30% no BNDES

Por: Valor Econômico - Francisco Góes

O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) vai fechar este ano com desembolsos entre US$ 5 bilhões e US$ 5,5 bilhões no apoio às exportações das empresas brasileiras. O número ainda estará longe do recorde de 2006, de US$ 6,4 bilhões. Mas deverá ficar até 30% acima do volume registrado em 2007, quando o banco liberou US$ 4,2 bilhões em financiamentos à exportação. Para 2009, a previsão do banco é, no mínimo, repetir o desempenho de 2008.  

Este ano as linhas de pré-embarque do BNDES, que financiam a produção do bem a ser exportado, deverão representar entre 60% e 70% das liberações totais do banco à exportação. Os outros 30% a 40% vão corresponder às linhas de pós-embarque, voltadas a financiar a comercialização de bens e serviços no exterior. De janeiro a outubro, o pré-embarque representou 70% das liberações e o pós, 30%. No período, o banco liberou US$ 4,5 bilhões para exportação com alta de 44% ante janeiro-outubro de 2007. 

O maior peso relativo do pré-embarque este ano relaciona-se ao reforço orçamentário recebido pelo BNDES, em outubro, para fazer frente à crise de liquidez que secou linhas de crédito comerciais como o pré-pagamento e o ACC (Adiantamentos sobre Contratos de Câmbio). Na ocasião, o governo, por meio do Ministério da Fazenda, destinou R$ 5 bilhões para as linhas de pré-embarque do BNDES. 

O dinheiro permitiu ao banco atender a demanda de empresas, sobretudo das que produzem bens de alto valor agregado, que encontravam dificuldade para obter capital de giro. "O BNDES entrou cumprindo seu papel anticíclico", diz Luiz Antonio Araujo Dantas, superintendente do BNDES-Exim, área de comércio exterior do banco. 

A demanda pelo pré-embarque, cujas condições de financiamento foram modificadas em outubro, foi grande. Dantas diz que foram apresentadas ao banco operações de pré-embarque de cerca de US$ 1 bilhão, sendo que metade já está contratada. As liberações devem começar esta semana. As operações envolvendo os outros US$ 500 milhões estão em tramitação no BNDES-Exim. O prazo médio entre a entrada do pedido de financiamento no banco e a contratação da operação é de 15 dias. 

A expectativa de Dantas é que em dezembro sejam contratados mais US$ 200 milhões a US$ 300 milhões em operações de pré-embarque. Dessa forma, dos R$ 5 bilhões aportados pelo Tesouro para essas linhas, metade estaria comprometida ainda em 2008 e a diferença, de cerca de R$ 2,5 bilhões, ficaria para ser utilizada a partir de janeiro de 2009. A pergunta hoje é o que vai ocorrer com as linhas de pré-embarque do BNDES no ano que vem. 

Se o mercado responder à demanda com linhas comerciais, tipo ACC e pré-pagamento, o BNDES poderá ficar em situação mais confortável para direcionar mais recursos para o pós-embarque, que inclui o financiamento à exportação de bens e serviços brasileiros para projetos de infra-estrutura no exterior, em especial na América do Sul. Em 2008, os desembolsos para esses projetos na região devem ficar entre US$ 500 milhões e US$ 600 milhões, bem acima dos US$ 433 milhões do ano passado. 

Nas novas condições do pré-embarque, o banco eliminou a restrição de empréstimo para bens de capital, fixada em US$ 50 milhões por grupo econômico. Para bens de consumo, incluindo produtos como eletrônicos e alimentos, foi fixado limite de empréstimo de US$ 150 milhões por grupo. O Exim também passou a financiar 100% da operação. Antes da crise o banco financiava 60% do produto a ser exportado. O restante tinha de vir de outras fontes. 

Os clientes passaram a ter duas opções de financiamento: taxa fixa de 15,35% ao ano pelo prazo do empréstimo, que é de 18 meses, ou 7,65% ao ano mais variação cambial (dólar). Na hora de escolher, as empresas se dividiram entre taxa fixa e dólar. Os setores que demandaram recursos do pré-embarque foram bens de capital, metalurgia e mineração, têxtil, alimentos, eletrônico e coureiro-calçadista. As restrições ao financiamento do pré-embarque, antes da crise, deviam-se ao fato de que o banco vinha registrando demanda acima do orçamento em todas as áreas.

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