25 de Maio de 2009 - 11h:50

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Empresas prosperam por turbulências e crescem na crise

Por: Invertia - Peter Fussy

Até mesmo durante uma crise econômica alguns setores e profissionais conseguem prosperar. São atividades que encontram ambiente propício em um momento em que empresas quebram, consumidores mudam hábitos e o item preço ganha ainda mais importância no momento de decisão do comprador.

Um exemplo de companhia que tem crescido durante a atual turbulência econômica é o McDonald''s. Segundo dados de novembro do ano passado, auge da crise, a cadeia de lanchonetes havia registrado aumento de 7,7% nas vendas em lojas abertas há mais de um ano, na comparação com 2007, dado que ficou em aumento de 4,5% para os Estados Unidos.

"Os piores tempos para a indústria de restaurantes são os melhores para o McDonald''s", afirmou à revista americana Time Burt Flickinger III, diretor-gerente da Strategic Resources Group, uma consultoria especializada em varejo.

Segundo a análise da Time, o segredo da cadeia está nos preços, já que o "dollar menu" (menu de US$ 1) de saladas, tortas e conjuntos (sanduíche mais batata frita e refrigerante) são opções convenientes e baratas para as famílias em tempos de crise.

A contenção de despesas atingiu também as empresas de entretenimento. Por isso, a preocupação em oferecer lazer a custos mais baixos se tornou tendência no setor, conforme explica Daniel Topel, CEO da NetMovies, empresa que lançou em janeiro um pacote de R$ 9,90 para a locação de quatro DVD''s por mês em 54 cidades brasileiras e fornece opções de filmes para o usuário escolher pela internet, sem sair de casa.

"Se olhamos para o mercado vemos que o setor geralmente cresce nestes momentos. Fizemos uma redução drástica e verificamos crescimento de 25% no número de usuários. A crise por incrível que pareça está nos ajudando", afirmou Topel.

Para enfrentar a crise
Com o medo do desemprego e a necessidade de reduzir os gastos, muitos brasileiros tentam administrar melhor suas finanças e buscam novas possibilidades de investimento. Quem aproveita a chance são escolas especializadas em educação financeira, que aumentaram o número de cursos para dar conta da demanda. Segundo Bruno Dias, executivo de contas da Investeducar, o curso básico de formação de investidores superou as expectativas ao ser lançado em janeiro.

"Apesar de estar no meio da crise o interesse foi muito grande. Muita gente entrou em renda variável sem educação financeira e tomou um susto com a queda da bolsa no ano passado. Lançamos os cursos em janeiro com apenas uma turma e fomos obrigados a abrir outra. Já batemos 400 alunos desde o início", afirmou o executivo. Segundo ele, o público que procura os cursos vai desde jovens de 16 anos a aposentados.

Mesmo quando as empresas não conseguem superar a crise, outro ramo de atividade ganha. Segundo dados da Serasa Experian, o primeiro trimestre de 2009 teve 211 pedidos de recuperação judicial - variação 229% maior que o mesmo período de 2008. Com isto, houve maior procura pelo trabalho de escritórios de advocacia especializados.

"A crise alavancou esses pedidos, porque contribuiu para a falência tanto de empresas já problemáticas, cuja situação se agravou com a turbulência, quanto de empresas em situação melhor, mas que estavam sempre rolando dívidas e sofreram com a restrição e redução do crédito", explicou Gilberto Deon Corrêa Júnior, sócio do escritório Veirano Advogados.

Empregos
Durante o período de crise, o governo lança mão de incentivos para aquecer a economia, estratégia que não seria colocada em prática em tempos normais. Com isto, alguns ramos de atividade ganham uma demanda extra. Segundo o professor da Universidade de São Paulo (USP) e presidente do Instituto de Pesquisas Fractal, Celso Grisi, o setor da construção civil é um dos que mostram maior potencial de crescimento no momento por conta dos incentivos do governo federal, por meio de melhores condições de financiamento para a compra da casa própria.

De acordo com o Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado de São Paulo (SindusCon-SP) e a Fundação Getulio Vargas (FGV Projetos), cerca de 36 mil novas vagas formais foram abertas no setor, no primeiro trimestre de 2009. No mesmo período, o País perdeu 57.751 empregados.

"O setor imobiliário tem uma demanda reprimida brutal, que se realiza sempre que houver financiamento. É na maioria uma mão-de-obra menos qualificada, com salários baixos, mas há também oportunidade para responsáveis por projetos elétricos, hidráulicos, com melhores salários", explicou Grisi.

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