20 de Julho de 2009 - 13h:08

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Há uma saída

Recuperação judicial RP tem alta de pedidos no ano; crise é vilã mas especialistas veem também ‘aprendizado’ de empresas

Por: Raissa Scheffer - Gazeta do Ribeirão

Ribeirão Preto registrou seis pedidos de recuperação judicial por empresas no primeiro semestre deste ano, contra apenas um no mesmo período de 2008, segundo dados da empresa de informações Serasa. Em todo o País, o total de pedidos do tipo cresceu de 120 entre janeiro a junho de 2008 para 253 nos mesmos meses deste ano, de acordo com levantamento da empresa de gestão Equifax.

Com a recuperação judicial, a empresa negocia seus débitos com o respaldo da Justiça, sem que a sua produção seja comprometida ou outras dívidas sejam protestadas. Depois que a recuperação é deferida, a empresa tem 60 dias para apresentar um plano, que deve ser aprovado por uma comissão de credores.

De acordo com o economista Pedro Afonso Gomes, especialista em recuperação de empresas e consultor do Conselho Regional de Economia de SP (Corecon-SP), todas as empresas ficaram apertadas pela redução de crédito por parte dos bancos, causada pela crise. “Sem esse crédito, que era abundante, a cadeia de pagamentos das empresas se complicou. E conforme elas percebem que não vão conseguir pagar seus credores no prazo, os pedidos de recuperação aumentam”, disse.

Segundo o advogado Antonio Carlos Porto Araújo, especialista em processos de recuperação da Trevisan Consultoria, a retenção de crédito engrossou as estatísticas de recuperação judicial pois algumas empresas já vinham com problemas em suas estruturas financeiras. “Os empresários tomavam crédito para pagar seus fornecedores e credores. Sem esse recurso, houve um descompasso no fluxo de caixa.”

Araújo também considera que a maior informação dos empresários sobre o recurso de recuperação judicial também ajudou a aumentar o índice. “O empreendedor começou a entender que poderia usar essa lei a seu favor. Entrar com esse processo, elaborar um plano de pagamento e continuar com as atividades da empresa”, disse.

Para o advogado, sem esse conhecimento, os pedidos de falência —feitos pelo credor contra a empresa devedora— seriam bem maiores. A Serasa aponta que, no primeiro semestre deste ano, 11 pedidos de falência foram feitos em Ribeirão, contra oito no mesmo período de 2008.

Dificuldades de cada setor influenciam

As dificuldades que algumas empresas já enfrentavam antes da crise e que agravaram a insolvência no final do ano passado também podem ter sido causadas por questões de mercado de casa setor. “O sucroalcooleiro, por exemplo, já vinha com baixa remuneração e precisa dos créditos. Com a crise, houve dificuldade em honrar compromissos”, disse o advogado Antonio Carlos Porto Araujo.

Segundo o especialista, outros setores agropecuários como o de leite —caso da indústria Nilza, que entrou com o pedido em março deste ano, teve o deferimento e agora elabora o plano para apresentação a assembléia de credores— também enfrentavam problemas. Na época em que o processo foi protocolado na 4ª Vara Cível de Ribeirão, a indústria declarou que “sofreu os efeitos da grave crise financeira mundial”, e a recuperação foi a alternativa “após várias tentativas de renegociação com instituições financeiras credoras.”

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