27 de Julho de 2009 - 16h:32

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Faeg critica proposta de recuperação

Por: Folha de Notícias

Cerca de 40 pecuaristas credores do Frigorífico Independência se reuniram ontem, na sede da Federação da Agricultura do Estado de Goiás (Faeg), onde ouviram atentamente uma detalhada e crítica análise do Plano de Recuperação Judicial apresentado pela empresa, recentemente.

Convencidos de que o plano contém algumas propostas inaceitáveis e outras vazadas em linguagem dúbia que pode convertê-las em armadilhas futuras, os pecuaristas decidiram criar um grupo para negociar com a empresa as mudanças que consideram indispensáveis.

Discriminação
O presidente da Faeg, José Mário Schreiner, diz que os pecuaristas não aceitam, por exemplo, os dois pesos e duas medidas utilizados no plano para pagamento dos débitos. “Enquanto para outros credores, inclusive bancos, os créditos serão pagos com juros e correção monetária, para os produtores a proposta é de pagamento apenas do principal e ainda com cláusula de deságio, em caso de pagamento antecipado”, reclama o dirigente da Faeg.

Outro ponto muito criticada pelos pecuaristas é a proposta de liquidação dos débitos mediante o pagamento de R$ 80 mil à vista para cada produtor, com o restante dividido em 36 parcelas mensais. “O estudo técnico demonstra que esse limite pode ser elevado para R$ 150 mil sem comprometer o caixa da empresa. Mas o mais grave é que o Plano não prevê data para esse pagamento, que só se realizará após a consecução de aporte de recursos pela empresa. Como se poderia recomendar ao produtor a adesão a um plano tão indefinido?”, diz José Mário Schreiner.

Pegadinhas
O presidente da Faeg reclama também do que parecem verdadeiras pegadinhas no texto do plano. “Não dá para saber, por exemplo, se aderindo ao plano o produtor ficará obrigado a vender animais para abate no frigorífico e se a venda será à vista ou a prazo, tal a linguagem empolada do texto”, diz José Mário.

O plano apresentado pelo Independência prevê que o pagamento dos créditos operacionais dos pecuaristas será prioritário, dado a necessidade do “restabelecimento da confiança e relações comerciais” essenciais para a retomada das operações do grupo em larga escala, “minimizando a necessidade de novos financiamentos”.

Mas a cláusula de maior impacto no humor dos pecuaristas é a que prevê que, uma vez aprovado o plano, os credores que a ele aderirem “isentarão integral e definitivamente” o frigorífico e seus gestores de todas as ações, dívidas, responsabilidades e obrigações de qualquer natureza, por força de qualquer instrumento e a qualquer título.

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