03 de Agosto de 2009 - 10h:53

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Crise bovina: Margen altera plano de recuperação judicial

Por: Agrolink

Sob pressão do seu maior credor - o Fundo Multi Carteira Alemanha - e do próprio resultado operacional negativo registrado no último semestre, o Frigorífico Margen optou por uma mudança radical do seu Plano de Recuperação Judicial. A nova proposta já entregue à Justiça será submetida à assembleia de credores no próximo dia 6, em segundo convocação, já que na primeira, ontem, em Rio Verde, não se registrou o quórum legal.

Ao invés do deságio de 50% para os créditos das instituições financeira, com 5 anos de carência e 15 anos para pagamento, agora o Margen propõe a criação de uma nova empresa - a NewM S.A. - que terá os próprios credores como sócios. A empresa, com sede em Rio Verde e início de operações previsto para 2010, deve incorporar 90% dos ativos do Margen, cerca de R$ 230 milhões e será gerida por um Conselho de Administração de oito membros. 

Pela proposta, os créditos dos credores com garantia real, cerca de R$ 270 milhões, serão convertidos em ações ordinárias nominativas (ON), que têm direito a voto. Os créditos quirografários (sem garantias reais), menos os dos pecuaristas, serão convertidos em ações preferenciais nominativas (PN).

A composição acionária da NewM seria de 45% de ações ON para os atuais controladores do Margen, através da empresa GM Rio Bonito, 35% de ações ON para os credores com garantia Real, 10% de ações PN para os credores quirografários e 10% de ações PN de reserva para fazer face a novos créditos que eventual mente venham a ser reconhecidos. Os créditos trabalhistas, estimados em R$ 17 milhões, serão pagos em um ano, com recursos provenientes da venda de uma frota de 270 veículos automotores e três aeronaves. 

O advogado Murillo Macêdo Lobo, coordenador do processo de recuperação do Margen, explica que o crédito dos pecuaristas, até por seu caráter social, foi tratado de forma privilegiada. “A proposta é de que a nova empresa emita debêntures, com carência de dois anos e pagamento em três parcelas anuais, com juros de 6% ao ano”, diz .

Murillo Lobo acrescenta que os títulos serão conversíveis em ações preferenciais da NewM, além de serem negociáveis, como qualquer debênture. “Não temos dúvidas de que essa engenharia permitirá não só a preservação da empresa, como o pleno recebimento dos créditos pelos credores, que poderão até obter lucro considerável”, argumenta o advogado.

Serão integralizadas à nova empresa as unidades do Grupo Margen denominadas, Frigorífico de Rolim de Moura (RO), Frigorífico de Paranaíba (MS), Frigorífico de Mães do Rio (PA), Frigorífico de Paranavaí (PR), Frigorífico de Ribeirão Cascalheira (MT), Frigorífico de Rio Verde (GO), Frigorífico de Barra do Garças (MT) e Frigorífico de Ariquemes (RO), além de um terreno rural em Rio Verde, que será vendido para formação de capital de giro.

“A NewM é uma empresa que já nasce grande, com capacidade de abate de 4,9 mil bovinos por dia e com unidades nos Estados estratégicos para a atividade: Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Rondônia, Pará e Paraná”, diz Murillo Lobo. A empresa também nasce praticamente sem dívidas, acrescenta, pois pela proposta apresentada, ficará apenas com o débito de R$ 20 milhões dos pecuaristas, que será equacionado pelo lançamento de debêntures.

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