07 de Março de 2007 - 14h:41

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Uma ciência contábil e mais feminina

Elas já são 37% dos profissionais em atividade, com 144.767 contadoras por todo o País.

Por: Gazeta Mercantil

Elas já são 37% dos profissionais em atividade, com 144.767 contadoras por todo o País. Desta vez silenciosamente e mais centradas em objetivos" corporativos", as mulheres, que lideraram a revolução dos costumes nos anos 1960, preparam-se para comemorar o seu dia, em 8 de março, mantendo o nível ascendente de suas conquistas. Inclusive em áreas que havia pouca representatividade feminina, elas também estão chegando lá.

Um estudo do Conselho Federal de Contabilidade (CFC) mostra um rápido crescimento feminino na carreira contábil, que tem sido sempre eminentemente masculina. As mulheres correspondem, hoje, a 37% dos profissionais ativos, num total de 144.767 contadoras em todo o País. São Paulo, com a maior concentração desses profissionais em níveis técnico e superior, claro, lidera o ranking: as mulheres correspondem a 33% da mão-de-obra do segmento.

Em algumas empresas especializadas, caso da Trevisan, o número de mulheres atuando na área contábil chega a superar o universo masculino. No setor de outsourcing, o percentual de mulheres é de 52,9%. Além disso, o setor é liderado por uma mulher, Geuma Campos Nascimento, sócia-diretora da empresa. E no corpo de gestão da Trevisan, composto por um total de 34 executivos, 56% são mulheres. Já na BDO Trevisan, entre todos os trainees contratados em 2006, 49% foram mulheres. A maior participação também é observada nos cursos de graduação de Ciências Contábeis. No da própria Trevisan Escola de Negócios, as mulheres já são 43,37% dos alunos. Para o coordenador do curso da escola, Sérgio Souza, a presença feminina é uma tendência irreversível: as mulheres estão se dedicando à sua carreira e existe, cada vez, um número maior delas assumindo cargos de direção e liderança.

Luciana Onusic, graduada em Ciências Contábeis pela FEA-USP, com mestrado em Administração e doutoranda em Administração também pela FEA-USP, é ao lado do professor Sérgio Souza, a coordenadora do curso de Ciências Contábeis da Trevisan Escola de Negócios. Para ela, a presença feminina pode ser sentida em todos os segmentos econômicos. "Na área de ciências contábeis o aumento do número de profissionais pode ser facilmente verificado por sua crescente presença nas salas de aula", afirma.

E quais seriam os principais atributos femininos? "As mulheres são extremamente dedicadas ao que fazem e se adaptam bem ao conceito dos profissionais de nossa área, que devem ser dinâmicos e atualizados, pois o mercado é muito competitivo", observa.
Luciana trabalha no setor desde 2000, primeiro prestando consultoria na área contábil e depois atuando como professora. Garante que nunca foi discriminada. "Mas éramos uma minoria ínfima na sala de aula e na profissão. Hoje em dia é diferente e as mulheres provaram sua competência inclusive em postos de chefia de grandes multinacionais", assegura.

A advogada Elizabeth Alves, cursa o terceiro semestre de Ciências Contábeis na Trevisan, já que sempre trabalhou em auditoria e achou importante ter uma formação mais relacionada a seu trabalho. "Na nossa área a presença maciça de mulheres é uma realidade recente e pode-se ver que o preconceito vem sendo em boa parte vencido", diz ela, para quem este não é um mérito só das mulheres. "As empresas também têm feito um esforço para contar com o trabalho feminino que é de muita qualidade, adotando, por exemplo, a flexibilização de horários e outros benefícios", destaca.

Em todas as áreas

Maria Cristina Ortiz de Camargo, professora do MBA da Business School de São Paulo e consultora de empresas que após trabalhar vários anos em multinacionais montou sua própria consultoria, a Top Coaching, considera que se hoje existe uma presença maior de mulheres nas empresas em geral, isto acontece porque, de fato, a mulher se preparou. "Não se pode dizer que havia um preconceito nas empresas, porque elas podiam abrir um processo de seleção e para muitas funções nenhuma mulher qualificada se apresentava", pondera ela.

Em seu entender, as próprias mulheres não procuravam cursos considerados mais masculinos, como engenharia. Ela conta que quando trabalhava na Motorola, liderou na América Latina um grupo voltado para a diversidade junto a "minorias", como negros, mulheres, latinos. "Queria encontrar uma engenheira negra que seria um exemplo de nosso trabalho e mesmo com o auxílio de movimentos negros eu não encontrei. Tenho certeza que isso não aconteceria agora", observa.
Cristina diz também que o crescimento profissional da mulher chegou no momento certo, exatamente quando as empresas estão voltadas na valorização do capital humano. "As mulheres são usualmente boas gestoras de pessoas".

Para Augusto Puliti, gerente da divisão de RH da Michael Page é visível uma maior abertura para as mulheres em áreas antes predominantemente masculinas, como a comercial. "Hoje as mulheres marcam presença em vendas, inclusive em cargos de gerência e de diretoria", afirma, para dizer categoricamente que nunca notou alegações relacionando a presença da mulher a salários menores.

Puliti acha que as mulheres se saem muito bem em vendas por terem uma capacidade de relacionamento muito boa, melhor que o homem. "E, por outro lado, são tão agressivas quanto eles nos negócios".
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