09 de Outubro de 2009 - 11h:16

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Futuro do Minerva

Por: Avicultura Industrial

O recente movimento de consolidação e diversificação dos frigoríficos nacionais - Marfrig comprando a Seara, ex-grupo Cargill, e unidades do Margen e Mercosul e JBS-Friboi adquirindo Pillgim's Pride e Bertin -, especialistas discutem agora o futuro do terceiro maior frigorífico do País: o Minerva.

A posição da companhia, embora privilegiada em um setor ainda pulverizado, está cada vez mais distante dos dois primeiros e a dúvida é: o Minerva vai à caça ou será caçado? "Se o Minerva não se mexer em breve, não duvido que seja comprado por alguém. O apetite da JBS-Friboi, por exemplo, está bem grande", afirma o analista da Link Investimentos, Rafael Cintra, que recomenda a compra das ações ordinárias da empresa (BEEF3). Para ele, ainda existe espaço para a companhia, pois o "pecuarista não quer ficar na mão de poucos players". Caso o frigorífico aproveite o movimento de consolidação, Cintra aposta na aquisição do Independência, que está em processo de recuperação judicial.

Mas tanto a Marfrig quanto o JBS-Friboi já estão de olho nos ativos do quase falido frigorífico. Apesar de estar bem longe dos dois maiores, a analista do BB-Investimentos Jane Lima descarta que o Minerva seja comprado. "Por ser empresa familiar, pela história da companhia, não acredito que ela seja adquirida. Pode até acontecer, de repente, uma associação com outro frigorífico, como JBS-Friboi, mas, mesmo assim, acho difícil", disse. Lima acha que a empresa voltará às compras em breve, com aquisições que caibam no orçamento dela, ou seja, de frigoríficos menores, como o Mataboi e o Independência, e não acredita que o Minerva possa seguir a estratégia de diversificação. "Acredito muito na capacidade de crescimento do Minerva, sua gestão é bem estruturada. Porém eles estão 'pecando' um pouco na estratégia, não enxergo um norte", declarou a analista, cuja recomendação para a companhia está em revisão.

Cálculos do analista de investimentos da Gradual Corretora Kléber Hernandez mostram que, como valor de mercado, o Minerva seria um bom alvo para os frigoríficos maiores. Enquanto o Minerva possui um valor de mercado ao redor de R$ 646 milhões, a Marfrig possui R$ 4,6 bilhões e a JBS-Friboi, R$ 12,8 bilhões. "No entanto, se pensarmos do lado da estratégia de mercado do Minerva, que é uma empresa que adota uma postura mais conservadora em termos de aquisições, mas mais racional em termos de melhora na eficiência produtiva, acredito que a empresa não teria interesse de ser negociada no momento", declarou. Para o especialista, em vez de buscar aquisições de empresas, o Minerva deve investir em ampliação de centros de distribuição, por exemplo. A defesa do Minerva

Na segunda-feira (05/10), o Minerva terminou uma operação financeira de subscrição privada de ações na qual foram subscritas 29.030.639 ações, ao preço de emissão de R$ 5,30 por ação, resultando no valor de R$ 153.862.386,70. O total de aumento de capital social, que ainda está sendo realizado, será de R$ 159 milhões. Quando explicou o motivo da operação, o diretor-presidente do frigorífico, Fernando Galletti de Queiroz, disse que era para se preparar financeiramente para a consolidação do setor. "O nível de alavancagem cresceu porque o investimento que foi feito em capex (imobilizado) não gerou o incremento de Ebitda [lucro antes dos juros, impostos, depreciação e amortização] esperado tão rapidamente. Com uma estrutura de capital mais sólida, estaremos prontos para a consolidação do setor, que ainda vai continuar forte", disse, na ocasião. O executivo ressaltou que o Minerva, entre os outros players do setor, foi o que menos investiu em aquisições, mas foi o que mais cresceu em 'greenfield' (novos projetos). "O que nos deixa em uma posição única", acrescentou. Para este ano, a empresa investirá R$ 70 milhões no total. Já para 2010, a previsão é de que os aportes sejam de R$ 10 milhões por trimestre, somando R$ 40 milhões no ano.

Em declarações recentes, o executivo rebateu a visão de alguns analistas de que o Minerva estaria na berlinda, com a expansão via aquisições da Marfrig e da JBS-Friboi. "Quando se trata de negócios, não se pode descartar nenhuma alternativa. O Minerva está sempre sendo olhado e olhando, mas a prioridade agora é seguir com a política de crescimento sustentável e estável", disse. Ontem, as ações ordinárias do Minerva (BEEF3) subiram 0,85%, a R$ 5,95. No ano, a valorização é de 254,2%, ante 66,8% do Ibovespa.

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