23 de Novembro de 2009 - 11h:49

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Leilão de fazenda da Boi Gordo é marcado para dezembro

Por: Luciana Monteiro - Valor

SÃO PAULO - Uma boa notícia para os cerca de 30 mil investidores da Fazendas Reunidas Boi Gordo (FRBC): o leilão da fazenda Eldorado, localizada na Chapada dos Guimarães, no Mato Grosso, foi marcado para dezembro. Avaliada em R$ 4,101 milhões, a propriedade pode amortizar parte de uma dívida estimada em R$ 2 bilhões com os investidores.

A Boi Gordo oferecia investimentos em papéis que tinham rentabilidade baseada na engorda de bois. Para fazer parte do negócio, o investidor comprava contratos de investimento coletivos (CICs), títulos lastreados de acordo com a variação da arroba (15 quilos) do boi, cujo prazo de vencimento era de 18 meses. A Fazendas Reunidas se comprometia a engordar o animal nesse período e, no vencimento do CIC, vendia o boi. A remuneração oferecida aos investidores era de 42% para o período, além da variação do preço da arroba no dia do abate.

Em 2001, no entanto, a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) determinou novas regras para o funcionamento da empresa, que garantissem de modo mais transparente os direitos dos investidores. A Boi Gordo passou, então, a enfrentar dificuldades e terminou por pedir concordata e, em abril de 2004, foi à falência.

O leilão está marcado para ser realizado em 16 de dezembro, às 14 horas, na Casa de Portugal, situada no bairro da Liberdade, no centro de São Paulo.

O advogado José de Atimatheia Almeida Paiva, que representa clientes com mais de 10 mil contratos e é, inclusive, um dos 80 maiores credores da Boi Gordo festejou o fato de a juíza ter determinado a atualização do valor do imóvel.

No leilão anterior, realizado em dezembro de 2007, isso não ocorreu e acabou sendo anulado. Na ocasião, quatro imóveis foram a leilão, sendo que dois deles não receberam lance. No outro, o único lance veio muito abaixo do valor avaliado e não foi aceito. A quarta fazenda havia sido desapropriada.

Conforme o Valor noticiou no início deste mês, o processo da falência da companhia trocou de mãos. A nova responsável pelo processo é a juíza Renata Mota Maciel, da 1ª Vara de Falências e Recuperações Judiciais de São Paulo. Ela é especialista em Falências e Recuperação Judicial e participou ativamente no processo de recuperação da Varilog.

Na ocasião da mudança de juiz, o gestor da massa falida, Gustavo Sauer de Almeida Pinto, já havia dito que a mudança não deveria afetar o processo. Ao contrário, poderia até ajudar a acelerá-lo, pois a nova juíza é especializada em falências. A ideia do síndico é fazer leilões a cada três meses, de forma que os imóveis que não tiverem comprador em um leilão sejam oferecidos de novo no leilão seguinte.

A Boi Gordo representou um período no qual a aplicação na engorda de animais virou moda. Era possível aplicar na engorda de bois, porcos e galos. Nessa onda, surgiram algumas empresas que prometiam ganhos exagerados e em prazos extremamente curtos.

A Boi Gordo possui 13 fazendas que somam 250 mil hectares espalhados por São Paulo e Mato Grosso. Dos cerca de 31 mil investidores, somente 84, ou seja, 0,2%, têm créditos acima de R$ 500 mil; 95,4% dos aplicadores têm créditos abaixo de R$ 200 mil e 89,6% têm a receber menos de R$ 50 mil.

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