14 de Março de 2007 - 15h:36

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Advogados adotam perfil empresarial

Por: Gazeta Mercantil

Aumento de fusões e aquisições fez surgir um advogado com conhecimento além da área do direito. Na esteira do aumento dos negócios empresariais, as grandes bancas de advocacia estão contratando, ou mesmo aperfeiçoando, profissionais que não tenham apenas o perfil tradicional do direito, mas sim com habilidades para gerenciar os negócios de uma empresa. Tudo teve início a partir do crescimento do número de fusões e aquisições no Brasil. Em geral, o "advogado de negócios" deve possuir -além de larga experiência educacional fora do Brasil- conhecimento de reorganização de uma companhia que se fundiu ou que foi adquirida por outra empresa.

O trabalho deste profissional iniciou nos anos 90, quando começaram as privatizações no País, perdeu força com o baixo crescimento da economia e a cautela dos investidores estrangeiros nos anos seguintes e, há três anos, tem experimentado um novo momento de ebulição. "A complexidade dos negócios fez aumentar o número de advogados que não tivessem apenas o conhecimento de contratos. Hoje, enviamos para o exterior, anualmente, dez profissionais para se especializaram em assuntos que englobam fusões e aquisições ou outras questões relevantes como infra-estrutura", conta o advogado Alexandre Bertoldi, do Pinheiro Neto Advogados.

Para ele, a globalização foi fator decisivo para que o advogado ganhasse "espírito de equipe" e se profissionalizasse. "Não há mais espaço para o advogado individualista", resume.

A demanda por assessoria jurídica com profissionais com forte especialização em fusões, aquisições e em projetos de investimentos de áreas como petróleo e siderurgia aumenta de forma vertiginosa. "O papel do advogado não se resume somente a realizar uma análise de contrato de fusão ou aquisição. É preciso ter know-how e visão de negócios, pois o profissional vai trabalhar em equipe que não abrange apenas a área de fusão", explica Cristina Alckmin do escritório Leite, Tosto & Barros.

O escritório Machado, Meyer, Sendacz e Opice, que prestou assessoria jurídica em 24 fusões e aquisições no ano passado, recruta e também treina profissionais. O serviço de fusões e aquisições atingiu o nível recorde de negócios de US$ 6,8 bilhões.

Para o advogado Antonio Meyer, a estabilidade financeira do País propiciou mais negócios de fusões e aquisições e muitas bancas preparam melhor suas equipes. "Escritórios com maior experiência nessa área sempre contratam e também treinam profissionais."
A tendência de aumento desse tipo de negócio, segundo ele, não deverá ter um ritmo avassalador, mas vai crescer acima do normal. A atuação do Machado, Meyer rendeu o primeiro lugar, entre as bancas brasileiras, no ranking de fusões e aquisições fechadas na América Latina, de acordo com a publicação britânica Thomson Financial divulgada neste ano.
Planejamento

O planejamento dos escritórios para 2007 está intimamente ligado ao aumento da demanda de fusões e aquisições. Advogados ouvidos por este jornal, contam que o ano passado foi interessante, mas este ano é de consolidação. As expectativas estão relacionadas ao crescimento da economia, proposto e incentivado pelo governo federal quando, em janeiro, lançou o Programa de Aceleração do Crescimento.
A previsão de aumento é de no mínimo 15%. Os mais animados traçam a meta de 30%. "Não creio em um boom, mas será acima do normal", projeta Alexandre Bertoldi.

Para Fernando Azevedo Sette, do escritório Azevedo Sette, as expectativas para 2007 são as melhores. A meta de crescimento é de 20%. Segundo ele, área de fusões é a que deve estar mais aquecida. "Diversas oportunidades estão aparecendo em ramos diferentes da economia", afirma.
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