20 de Março de 2007 - 17h:08

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Maior negociação da história

Por: Agência Estado

A Petrobras, a Braskem e o Grupo Ultra oficializaram ontem a compra do Grupo Ipiranga. O valor do negócio poderá chegar a US$ 4 bilhões, incluindo a aquisição das ações de ex-controladores e de acionistas minoritários. A operação é considerada a maior da história doBrasil.

Maior aquisição de ativos privados envolvendo empresas brasileiras, o negócio marca o retorno da Petrobras aos investimentos no setor petroquímico. Segundo analistas, o negócio abre novo ciclo de reestruturação societária com participação da Petrobras na reorganização do setor na região Sudeste, principalmente na Petroquímica União (PQU), em São Paulo. A Petrobras também pode acelerar o plano de investimento no Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj), um negócio de US$ 8 bilhões.

A compra da Ipiranga envolverá troca de ações e pagamento em dinheiro aos acionistas. Apenas os minoritários com ações preferenciais receberão em troca ações também preferenciais da Ultrapar Participações. A Petrobras anunciou que desembolsará US$ 1,3 bilhão. A Braskem buscará US$ 1,1 bilhão no mercado. O Grupo Ultra estima em US$ 1,6 bilhão a sua participação. Será o único a fazer emissões para sustentar as aquisições. Vai emitir 52,8 milhões de ações.

O Grupo Ipiranga será desfeito até o fim do ano. O Grupo Ultra ficará com a marca Ipiranga e a distribuição de combustíveis líquidos nas regiões Sul e Sudeste. Terá 15% da distribuição de combustível no País. A Petrobras ficará com a distribuição de combustível no Norte, Nordeste e Centro-Oeste e dividirá com a Braskem a área petroquímica.

A área petroquímica será dividida entre Braskem (60%) e Petrobras (40%). Com a compra da Ipiranga Petroquímica, além de absorver nova capacidade de produção de resinas, Braskem e Petrobras ampliarão o capital na Companhia Petroquímica do Sul (Copesul). A divisão da Copesul também ocorrerá na proporção de 60/40 quando as empresas fecharem o capital da Copesul.

Segundo José Carlos Grubisich, presidente da Braskem, a compra de 25,4% das ações da Copesul custará US$ 690 milhões. A Braskem vai controlar a segunda petroquímica no País. A primeira foi a incorporação da Copene, na Bahia.

Grubisich anunciou investimentos de R$ 700 milhões na Copesul e na Ipiranga Petroquímica. O objetivo é elevar a produção de matéria-prima petroquímica e de resinas. "O negócio será um divisor de águas dentro do plano estratégico da Braskem. Conduz a empresa ao grupo das 10 maiores petroquímicas no mundo."

Oferta irrecusável – Segundo o empresário Eduardo Eugênio Gouvêa Vieira, representante de uma das famílias controladoras da Ipiranga, a proposta de compra foi recebida na sexta-feira à noite, com prazo de 48 horas para a avaliação e resposta. "Foi uma oferta irrecusável", disse Vieira, que, além de pertencer a uma família de acionistas da Ipiranga, preside a Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (Firjan). "Ficamos duas noites sem dormir para conseguir responder no prazo. A operação de venda da Ipiranga foi estruturada por uma empresa de apenas quatro anos e que há cerca de oito meses trabalha no negócio, a Estáter.

O jornal "Financial Times" afirmou que a venda dos ativos do Grupo Ipiranga para a Petrobras, Braskem e Ultra, por US$ 4 bilhões é um dos maiores negócios "da história corporativa do Brasil e vai resultar numa extensão do controle estatal sobre um dos setores mais importantes da economia" do País.

Trabalhadores – Os trabalhadores do Pólo Petroquímico de Triunfo estão em assembléia permanente, de acordo com o presidente do Sindicato de Trabalhadores da Indústria Química e Petroquímica do Pólo de Triunfo (Sindipolo), Carlos Eitor Rodrigues. A decisão foi tomada durante protesto realizado ontem na rodovia que dá acesso ao Pólo. Para os trabalhadores, a venda do Grupo Ipiranga concentrará o setor petroquímico sob o comando da Braskem. e isso pode resultar em demissões.
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