01 de Abril de 2010 - 09h:57

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AGRENCO ANUNCIA NEGOCIAÇÃO COM EMPRESA DE AUDITORIA

Balanços atrasados sem pendências. Último resultado financeiro entregue foi o do primeiro trimestre de 2008

Por: Monitor Mercantil Digital

A Agrenco anunciou que está em negociação com a KPMG, responsável pela auditoria de seus balanços, para regularizar pendências e poder divulgar os demonstrativos de resultados que se encontram atrasados. Segundo o comunicado da companhia, publicado nesta quarta-feira, as pendências devem ser resolvidas em até 120 dias, a contar do início dos trabalhos da auditoria. A data final não foi estipulada. O último balanço entregue pela companhia foi o do primeiro trimestre de 2008. A Agrenco informa ainda que todas as obrigações do seu plano de recuperação judicial "estão sendo rigorosamente cumpridas" até a presente data.

Em reunião realizada no dia 22 de março, a companhia confirmou à KPMG sua expectativa de ver cumprido na plenitude o contrato de auditoria em vigor para o período findo em 30/06/08, e acatou o pleito da KPMG de se reservar a prerrogativa de repactuar, ou não, o contrato de auditoria para os períodos subseqüentes. A Agrenco afirmou também seu interesse em manter os serviços da KPMG como auditor externo, estando a qualquer tempo preparada para receber e negociar proposta de serviços de auditoria, em termos e condições usuais no mercado.

O atraso na apresentação dos balanços fez com que Comissão de Valores Mobiliários (CVM) suspendesse o registro de companhia estrangeira da Agrenco, em 11 de fevereiro, o que também levou à suspensão das negociações com recibos de ações (BDRs) BM&FBovespa. A reversão da suspensão depende da entrega das demonstrações financeiras de 31/12/08, cujo prazo limite para entrega, de acordo com a Instrução CVM nº 480 de 07/12/09, ocorreu em 30/04/09, e de Demonstrações Financeiras subseqüentes até a data base de 31/12/09.

"Cumpre-nos também informar que a KPMG está e sempre esteve contratada para a revisão das demonstrações financeiras da companhia até o período findo em 30/06/08, e se encontra no pleno exercício dos trabalhos necessários a conclusão dos mesmos, cabendo mencionar também que a apresentação destas demonstrações financeiras, apesar de ser um passo necessário, não enseja, por si só, a revogação da suspensão", diz o comunicado da companhia.

O documento explica que a companhia, representada por seus diretores e pelo Conselho de Administração eleito em 30 de abril de 2009, vem se reunindo com representantes da KPMG com a freqüência que a gravidade da situação exige. O objetivo é de dirimir todas e quaisquer pendências, e reconstituir hiatos de informação e documentação de natureza contábil, inclusive as arrestadas pela ação policial em 20 de junho de 2008 sobre a companhia, e assim encaminhar com a segurança e fidedignidade necessárias as demonstrações financeiras pendentes, de modo a permitir à CVM reverter a suspensão da negociação dos BDRs.

Selo

Sobre a suspensão do Selo Combustível Social pelo Ministério do Desenvolvimento Agrário, ocorrida no dia 5 de março, a Agrenco explicou que já recorreu da decisão, citando as dificuldades financeiras enfrentadas e que resultaram na recuperação judicial, mas o recurso não foi aceito pelo ministério.

Sem a certificação, a companhia não pode vender biodiesel por meio dos leilões com selo organizados pela ANP. "Cabe-nos informar que estamos envidando todos os esforços cabíveis para a reversão da decisão de suspensão, que não foi exclusivamente atribuída à companhia, havendo outras duas empresas em situação semelhante", lembra o comunicado.

Recuperação

A Agrenco ressalta que se encontram em fase final de conclusão das fábricas de Alto Araguaia e Caarapó, tendo 93% e 85% dos trabalhos concluídos respectivamente, até esta data. "As fortes chuvas nas regiões e os significativos atrasos na liberação de recursos financeiros bloqueados, geraram interrupção e desmobilização de prestadores de serviços, e por conseqüência, os valores e cronogramas originais foram afetados, mais fortemente em Caarapó.

Diante destes fatos estimamos concluir a fábrica de Alto Araguaia, com capacidade de produzir até 600 tons de biodiesel/dia, até 30 de junho de 2010 e estamos reavaliando o cronograma de execução de obras de Caarapó", explica.

Acordo

A trading agrícola afirma também que está reavaliando seu contrato de prestação de serviços de operador com a Glencore. De acordo com o contrato, a Agrenco deveria fazer um aporte de US$ 30 milhões em capital de giro, enquanto a Glencore complementaria, conforme a necessidade, até US$ 50 milhões adicionais, para garantir a eficiência operacional das operações da Agrenco. A empresa afirma, no entanto, que não dispõe dos recursos necessários no momento para cumprir sua parte do acordo.

"A companhia está revendo as suas necessidades para o cumprimento desta obrigação, em função das novas condições operacionais e do mercado, e uma vez que estejam negociadas com os credores e o operador, apresentará ao mercado suas conclusões", acrescenta a Agrenco no comunicado. A empresa explicou que divulgará, quinzenalmente, informes em seu site para manter os investidores a par da situação da companhia.

Empresas externas

O balanço da Agrenco Ltd compreendia em 31/03/08, uma estrutura societária formada por outras 27 empresas, das quais 20 com sede no exterior. Destas, sete não eram controladas integrais da Agrenco (SOGO, Agrenco UK, Denofa e suas controladas.), tendo sido estas participações alienadas pela Agrenco NV, que as detinha. No contexto das dificuldades financeiras da Agrenco, que resultaram no Plano de Recuperação Judicial aprovado pelos credores, todas as empresas controladas integrais no exterior tornaram-se não operacionais.

Destas, duas encontram-se em liquidação, uma em processo de encerramento total e outra com pedido de recuperação judicial. As demais, devido a obrigações financeiras e societárias, ainda permanecem abertas. Estas empresas no exterior detinham 63% do total de dívidas financeiras do Grupo Agrenco à época do Pedido de Recuperação Judicial, sendo 52% destes empréstimos tomados diretamente por estas empresas e 11% correspondem a garantias por elas prestadas em empréstimos tomados por empresas do grupo no Brasil.

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