23 de Abril de 2010 - 12h:13

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Atividade empreendedora no Brasil

Entenda por que está aumentado o empreendedorismo no país, bem como os novos negócios abertos por oportunidade e por mulheres

Por: Marcos Hashimoto

Neste mês foi divulgado o relatório Empreendedorismo no Brasil 2009, realizado pelo GEM Consortium (Global Entrepreneurship Monitor), representado no país pelo Instituto Brasileiro de Qualidade e Produtividade desde 2001. O estudo, realizado todos os anos em 54 países, traça um raio-X sobre a atividade empreendedora no mundo. A seguir, comento alguns dos resultados divulgados no relatório.

A taxa de atividade empreendedora no Brasil em 2009 foi de 15,3, ou seja, 15,3% dos brasileiros entre 18 e 64 anos estavam envolvidos em atividades empreendedoras em negócios com menos de 42 meses de existência. O aumento com relação ao ano anterior, quando o índice foi de 12%, pode ser explicado pela crise global. Pode parecer estranho e até contraditório, mas existem justificativas para tal fenômeno baseadas no cruzamento de dados do relatório.

Em primeiro lugar, a taxa de desemprego aumentou, estimulando as pessoas a se dedicarem à atividade empreendedora como alternativa ao emprego, uma vez que as oportunidades de recolocação no mercado ficaram restritas nesse período. Muitas empresas foram obrigadas a reduzir seus custos internos e terceirizaram certas atividades que antes eram realizadas por pessoal interno, fazendo com que novas empresas fossem abertas no mercado. Também não é difícil imaginar situações em que o funcionário é dispensado da empresa, mas continua trabalhando lá como consultor autônomo, com CNPJ, engrossando a estatística de novos negócios da pesquisa GEM 2009.

Essas justificativas ganham corpo quando nos deparamos com outros dados da pesquisa. A taxa de empreendedores nascentes no Brasil (negócios com até 18 meses de existência) dobrou em 2009 em relação ao ano anterior. A proporção entre negócios de oportunidade e negócios por necessidade diminuiu em 2009. Em 2008, para cada dois negócios abertos por oportunidade identificada, um era aberto por necessidade ou falta de opção do empreendedor (geralmente por dificuldade para se empregar no mercado de trabalho). Em 2009, a taxa foi de 1,6 negócio de oportunidade para cada negócio aberto por necessidade.

Também corrobora esses dados o fato de que a proporção de negócios abertos por jovens ficou em apenas 13,5% em 2009, a única faixa etária (18 a 24 anos) que teve decréscimo em relação a 2008. Todas as demais faixas etárias tiveram crescimento em 2009, que foi justamente a camada da população que mais sofreu com os efeitos da crise global e com o desemprego decorrente.

A pesquisa mostra também que existe uma postura mais receptiva da sociedade com relação à atividade empreendedora. Da população pesquisada, 80% disseram considerar que no Brasil a maioria das pessoas avalia o início de um novo negócio como uma opção desejável de carreira, a mesma proporção daqueles que consideram que aqueles que alcançam sucesso ao iniciar um novo negócio têm status e respeito perante a sociedade. Felizmente, a carreira empreendedora tem sofrido menos preconceito, se distanciando cada vez mais da imagem negativa de gerações anteriores, que acreditavam que empreendedores eram aqueles que não gostavam de estudar e, por falta de opção de carreira, acabavam tendo que abrir um pequeno negócio.

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