23 de Junho de 2010 - 15h:31

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Para ex-diretor de Varejo do Grupo Silvio Santos, fusão das grandes redes muda a realidade do mercado

Décio Pedro Thomé avalia que a história do varejo no Brasil pode ser dividida em duas partes.

Por: Portal Fator Brasil

"O varejo brasileiro hoje pode ser dividido em dois momentos: antes e depois da fusão das grandes redes". Na opinião do ex-diretor de varejo do Grupo Silvio Santos, Décio Pedro Thomé, a nova realidade brasileira obriga o setor a rever conceitos, principalmente as menores redes, que terão de mostrar força e diferenciais para continuarem competitivas.

Com a experiência de 35 anos de mercado e passagens por grandes redes, como Pernambucanas e Colombo, Thomé deixa o Grupo Silvio Santos depois de quatro anos. Segundo ele, para enfrentar novos desafios. "Consegui montar uma estrutura com 130 lojas. A meta foi cumprida com sucesso", garante. Entre seus projetos estão o desenvolvimento de um canal de vendas pela internet e o trabalho de consultoria especializada na recuperação e manutenção de empresas do varejo.

Thomé, que também é professor universitário de crédito, cobrança e serviços financeiros, avalia que o atual momento do setor varejista brasileiro exige grande comprometimento profissional. "Todos os colaboradores, desde a diretoria, gerentes e vendedores, terão de pensar e agir como se fossem os 'donos' da empresa e isto depende de empenho, treinamento e mudanças de conceitos", resume.

Para Thomé, além da transparência na atuação, o varejo hoje tem de ser estruturado em cima de conceitos e ações específicas. Entre elas, a escolha da equipe de trabalho, modernização da estrutura organizacional, planejamento, relacionamento estreito com clientes e fornecedores, centros de distribuição adequados, tecnologia eficaz e conhecimento profundo na área de varejo. "Um executivo hoje precisa demandar em todas as áreas nas quais o negócio seja dependente. Precisa saber pedir aos demais departamentos o que é fundamental para a agilidade e tomada de decisão, que hoje é de minuto. Digo isso porque já comandei a abertura de mais de 200 lojas no país, o que exigiu de minha parte aprofundamento nessas áreas. Conhecer a realidade de cada cidade, bairro, quais os costumes, por exemplo, faz a diferença para as redes que querem aumentar seu faturamento ou implantar suas unidades em expansão. Não adianta generalizar, cada público tem um perfil de atendimento diferente, que deve ser respeitado", garante. Segundo ele, é importante também manter um portfólio de profissionais competentes, para se criar agilidade na retomada de vendas e lucros e permitir a expansão dentro das regras de lucro e permanência nos mercados.

O varejo hoje vive uma realidade ímpar, segundo Thomé. "É como se existisse uma cartilha de como montar uma rede de varejo no Brasil e como sobreviver com ela. Tudo deve ser seguido à risca. O conhecimento profundo da indústria, área comercial, formas e benefícios de pagamento são também partes fundamentais. Até mesmo a habilidade para a recuperação judicial e intermediação jurídica contam ponto. As pequenas redes têm que ter um foco definido, observar as tendências. Muitos vão pelo caminho de vendas em volume, se esquecem da margem de lucro e deixam o trabalho próximo do vermelho. Será que não deveria ser ao contrário?", questiona. "Quem se preocupa com a margem de lucro talvez sejam as mais estáveis do mercado", completa.

Para Thomé, um dos segredos do atual mercado de varejo são as empresas enxutas, que tomam decisões rápidas e quebram paradigmas. "É o que fiz na montagem da Rede do Baú da Felicidade Crediário. Isso foi possível com um amplo treinamento, profissionais capacitados, foco no atendimento e ótimo relacionamento com a indústria", conclui.

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