30 de Junho de 2010 - 12h:22

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PEQUENAS E MÉDIAS EMPRESAS LUTAM POR MAIOR VALOR DE MERCADO

Por: Monitor Mercantil

Crescimento inspirado nas grandes

Conceitos de gestão utilizados aquecem os processos de fusões e aquisições

Em tempos de aquisições e fusões pequenas e médias empresas ganham força em conceitos de gestão utilizados por grandes corporações, que têm como resultado o aumento de valor de mercado. Nestes primeiros meses do ano, os processos de fusões e aquisições para pequenas e médias empresas brasileiras se mostraram bastante aquecidos, e essa situação deverá permanecer e até mesmo se ampliar nos próximos meses, o que move a busca pela profissionalização da gestão.

"Até pouco tempo atrás seria difícil imaginar que pequenas e médias empresas estariam preocupadas em adotar conceitos de governança corporativa e gerenciamento de riscos. No entanto, não há dúvidas que a globalização trouxe mudanças na cultura de negócios no mundo", ressalta Waldemir Bulla, sócio-diretor da Protiviti Brasil, uma das principais consultorias do mundo, especializada em auditoria interna, governança corporativa e gerenciamento de riscos.

Segundo explica o executivo, "entre as pressões que o capitalismo moderno impôs é a constante necessidade de ter que antecipar a aplicação de novas soluções em seus processos."

Negócios saudáveis

De acordo com Bulla, recentes pesquisas demonstram que novos empresários almejam ter seus negócios saudáveis e preparados para o mercado globalizado. "É considerado fator estratégico por empresas de todos os tamanhos, incluindo as familiares. Poucos pensam na idéia de vender seus ativos, mas a maioria sabe que a oportunidade existe e que estar atrativo pode significar uma excelente transação", complementa.

Previsões apontam para um cenário onde uma maré de fusões e aquisições atingirá o Brasil com força e quem estiver atento e preparado seguramente se beneficiará dela. Segundo a PricewaterhouseCoopers, neste primeiro semestre do ano houve aumento das fusões e aquisições e da internacionalização de empresas brasileiras. O relatório de Fusões e Aquisições da PWC aponta recorde de crescimento nas transações.

Entre janeiro e maio deste ano foram anunciadas 303 transações envolvendo grandes empresas, o que representa crescimento de 43% em relação a 2009: um recorde desde o início da pesquisa, há sete anos. Aquisições de controle (até 100%) continuam predominantes, representando 51% das transações enquanto fusões e joint ventures representam, juntas, 12%.

Ano importante

Diante dos dados recentes, é possível afirmar que, apesar das turbulências na Europa, 2010 promete ser um marco importante, um alívio após dois anos de "estiagem brava". A nova fase deve movimentar o mercado com força em todo o mundo. "É sinal de alerta positivo e até de comemoração", declara.

As baterias que impulsionam o fator competitividade, fusão e aquisição, voltam a estar bem carregadas e a pressão aumenta em todos os níveis. "É um novo tempo que chega para confirmar o que muitos já sabem, mas ainda não conseguem colocar em prática: para ser grande é preciso pensar e agir como tal", complementa o especialista.

Atuação local mas com pensamento global

Waldemir Bulla, sócio-diretor da Protiviti Brasil, define as empresas brasileiras como ainda adolescentes experimentando as primeiras duas décadas de um mercado de economia aberta e vibrante. "Gestores são bombardeados de todas as formas com novos aprendizados e conceitos de uma cultura que força os empresários brasileiros a repensarem constantemente nos modus operandi de administração de seus negócios. Mesmo para as pequenas, não há mais limites ou fronteiras de mercados. É possível atuar local, mas é fundamental pensar global", resume Bulla.

Governança corporativa

O especialista lembra que presenciou muitos casos de empresas que foram abordadas por investidores, mas foram descartadas por não apresentarem boas práticas de gestão e governança. "É algo que não somente se traduz na perda de um grande negócio, como também pode afetar a imagem dela diante de seu mercado", ressalta.

Deficiências que antes não eram adequadamente identificadas como análise dos níveis de qualidade, políticas de investimentos, padrões éticos e de gestão financeira e estrutura de controles, passam a ser despertas e a ficarem visíveis aos olhos de todos.

"Algumas vezes estas fraquezas tornam-se evidentes demais para mantê-las apenas no ambiente interno e acabam se transformando em notícias de possíveis crises que se espalham rapidamente na mídia, causando danos consideráveis à imagem da companhia", observa.

Nova geração

Na avaliação do sócio-diretor da Protiviti Brasil, para tornar a empresa mais saudável e menos vulnerável as tentações de práticas não ortodoxas de mercado, é necessário uma transformação na cultura de negócios da empresa. Tal mudança deixou de ser tendência e já começa a acontecer provocada pela chegada de uma nova geração de profissionais nascidos em meio à globalização. "Muitos deles são filhos de sócios que apesar da pouca experiência, trazem consigo uma sede de crescer, uma vontade de estar atrativo, e de poder mostrar que sua marca é competitiva e vale muito. São como os caras pintadas corporativos", brinca.

A nova geração pensa em conceitos de sustentabilidade, de reforço em marketing, e de tecnologia e também se espelham em grandes empresas para adotar filosofias de gerenciamento de risco e governança corporativa. "Não há espaços para planejamentos futuros feitos de maneira superficial. O excesso de apetite ao risco ainda persegue grande parte dos empresários e o seu remédio deve ser receitado por profissionais, capazes de enxergar o que a ilusão muitas vezes ofusca", ressalta Bulla.

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