05 de Julho de 2010 - 13h:18

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Fusão da City Lar pode beneficiar os consumidores

Por: Diário de Cuiabá

Depois da união entre o Grupo Pão de Açúcar e Casas Bahia, no ano passado, a Ricardo Eletro se fundiu à Insinuante para formar a segunda maior rede varejista do país, e agora incorpora a mato-grossense City Lar, ampliando o número de lojas de 550 para 750 e o faturamento de R$ 5 bilhões para R$ 6,1 bilhões. A intenção dos executivos Luís Carlos Batista (Insinuante), Ricardo Nunes (Ricardo Eletro) e Erivelto Gasques (City Lar), que acabam de criar a Máquinas de Vendas a partir da tríplice fusão, é ampliar a fatia das redes no mercado varejista brasileiro. Contudo, para o consumidor fica a dúvida se a fusão entre as gigantes do varejo vai ser prejudicial ou não para o bolso.

Para o economista e professor da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), Benedito Dias Pereira, a fusão poderá ser benéfica se as empresas tiverem como proposta a expansão no mercado. “Se optarem por esta política, o grupo terá condições mais favoráveis na aquisição dos produtos, por um preço mais competitivo e que poderão ser repassados aos consumidores para ganhar da concorrência e ampliar o domínio sobre o mercado”.

Na avaliação dos economistas, os efeitos da fusão também poderão ser prejudiciais à livre concorrência e ao consumidor, pois a fusão faz com que as empresas, antes “rivais”, atuem de forma conjunta, inviabilizando a entrada de novos concorrentes no mercado, e utilizando de seu poder econômico para comprar espaços e contratos de exclusividade.

“Apostar em uma fusão pode ser muito benéfico para as empresas e interesses corporativos, mas o grande prejudicado pode ser o consumidor, que tem seu poder de escolha limitado, e, em grande parte das vezes, paga mais por isso, pois a pouca concorrência acarreta em preços lá no alto”, alertam alguns especialistas.

Para Benedito Pereira, as fusões sempre levam ao crescimento da concentração. “Quando se tem um aumento do grau do oligopólio e concentração, os benefícios são apropriados pela empresa e não pelo consumidor porque com o crescimento do grau de concentração temos um maior poder de formação de preços das empresas”.

Segundo o economista, em qualquer situação, quando há um movimento no sentido de aumentar a concentração, “é ruim tanto para o consumidor quanto para os fornecedores que comercializam sua produção para a empresa”. Ele observa que a corporação ficará mais fortalecida, aumentando o poder de barganha nos processos naturais de negociação, como formação e fixação de preços.

TENDÊNCIA - Para o economista e professor Mauro Osório, a fusão não vai influenciar a vida dos consumidores “porque a escala de produção é tão grande que os custos se tornam mínimos”. Osório afirma ainda que a fusão entre grandes redes é uma tendência. Ele explica que isso acontece para que as empresas brasileiras sejam competitivas no exterior. "Temos de evitar os monopólios, mas a realidade é que as empresas brasileiras têm que ser grandes para concorrer com as internacionais", disse.

Osório afirma ainda que essa junção não é prejudicial porque a sede das empresas continua sendo no Brasil e, por isso, o país comanda. Para ele, as grandes fusões não vão barrar a competição. "Vai continuar havendo competição e vai continuar havendo fusão. Não vejo por que impedir. Os lojistas querem a fidelidade do consumidor e, por isso, não vão deixar de baixar os preços", afirmou.

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