12 de Julho de 2010 - 15h:44

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Setor de cerâmica possui boas perspectivas, aponta Anfacer

Por: Vanessa Dezem - Valor

A retração das exportações, a queda nos preços dos produtos internamente e a alta dos juros foram fatores que prejudicaram o desempenho de algumas empresas da indústria de cerâmica brasileira durante da crise econômica mundial, mas não chegaram a abalar os resultados gerais no período. As perspectivas do setor para este ano, por sua vez, são positivas.

A avaliação é da Associação Nacional de Fabricantes de Cerâmica para Revestimento (Anfacer). Segundo o diretor superintendente da entidade, Antonio Carlos Kieling, a valorização do real e a retração do próprio setor imobiliário internacional, abatido pela crise, foram fortes responsáveis pela queda das vendas externas do setor de cerâmica nos últimos anos.

Para ele, a perda da demanda do mercado externo fez com que as fabricantes se voltassem mais para o consumo interno, o que aumentou a oferta dos produtos no Brasil, provocando a queda nos preços e a alta estocagem.

Com a crise, a concorrência já elevada entre as mais de 90 empresas atuantes no setor brasileiro se agravou e, as companhias que entraram no período da retração mundial alavancadas sofreram com os consequentes aumentos dos juros. "As desestocagem do setor começou apenas no segundo semestre do ano passado", afirmou Kieling.

A Gyotoku, fabricante de cerâmica que entrou com um pedido de recuperação judicial na semana passada, como revelou o Valor, é um exemplo de empresa que entrou na crise endividada.

A companhia realizou muitos investimentos produtivos no período anterior à crise, voltados principalmente para a produção de porcelanato - produto de alto valor agregado, de processo produtivo mais sofisticado, voltado para as classes de alta renda. Depois, com a freada nas encomendas e diante da elevação dos juros, as contas da empresa foram prejudicadas.

Mesmo diante das adversidades conjunturais, as empresas que já tinham o processo produtivo avançado se mostraram estáveis durante os piores momentos da crise. Pelos dados da Anfacer, a produção do setor de cerâmica brasileiro alcançou 715 milhões de metros quadrados em 2009, praticamente igual a registrada em 2008, enquanto as vendas subiram 2,6%, para 705 milhões de metros quadrados.

O momento atual, por sua vez, é extremamente positivo. No segundo semestre do ano passado, as empresas iniciaram o processo de desestocagem e começam a retomar os investimentos. "O impulso do setor imobiliário brasileiro como um todo, a demanda interna, os incentivos do governo ao mercado imobiliário, as facilidades de financiamento, entre outros fatores, fazem com que o setor tenha boas perspectivas", afirmou o sócio-diretor da LCA, Fernando Camargo.

As expectativas da Anfacer para a indústria de cerâmica brasileira neste ano indicam um crescimento de 6% nas vendas totais, para 747 milhões de metros quadrados, enquanto a produção deverá chegar a 750 milhões de metros quadrados.

Hoje, o Brasil é o segundo maior produtor de cerâmica do mundo, ultrapassando a Índia e ficando atrás apenas da China. O país representa também o segundo maior mercado consumidor do segmento e ocupa a quinta posição entre os maiores exportadores do ranking mundial (também liderado pela China), alcançando 130 países.

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