29 de Julho de 2010 - 10h:16

Tamanho do texto A - A+

Agrenco convoca assembléia que pode mudar conselho

Por: Portal Exame

A Agrenco , empresa que está em recuperação judicial desde o ano passado, depois de ter sido alvo da Operação Influenza da Polícia Federal em 2008, pode ter mudanças importantes nos próximos meses. A empresa convocou hoje uma assembléia, à pedido da Agrenco Holding, dona de 47,91% de suas ações, que pode destituir o atual conselho de administração e nomear novos conselheiros.

A Agrenco Holding tem como principais acionistas Antonio Iafelice, Antônio Augusto Pires Júnior e Francisco Ramos, executivos que foram presos durante a operação da Polícia Federal. Iafelice tem dito reservadamente a acionistas minoritários que o atual conselho, que tem entre seus membros o consultor Nelson Bastos, sócio da Íntegra Associados, não é legítimo, pois teria um conflito de interesses. Isso porque a Íntegra é a empresa de consultoria de cuida do plano de recuperação da empresa e, de acordo com Iafelice, Bastos teria interesses em depreciar a companhia e vendê-la em partes, para receber comissões. Bastos nega e afirma que as funções da Íntegra estão definidas em contrato e não incluem comissionamento por venda.

Caso haja mudanças no conselho na assembléia, marcada para o dia 20, o plano de recuperação judicial pode ser suspenso. Isso porque, por contrato, qualquer alteração no conselho ou na administração da empresa precisa ser aprovada pelos credores. Os credores já se mostraram contrários a qualquer mudança. Se Iafelice conseguir dois terços dos votos e mudar a atual estrutura, os credores poderão se retirar e até pedir a falência da Agrenco para que os ativos sejam vendidos e usados no pagamento de parte das dívidas.

A empresa está prestes a voltar a operar e também negociava um retorno antecipado dos negócios com seus papéis na bolsa de valores. Os BDRs da Agrenco estão suspensos desde o início do ano por falta de apresentação de balanços contábeis. A situação estava sendo regularizada neste mês, mas a batalha entre os acionistas paralisou os trabalhos.

A empresa tem duas usinas, uma em Alto Araguaia, no Mato Grosso, e uma em Caarapó, no Mato Grosso do Sul. A primeira está pronta e depende de capital de giro para operar. A segunda precisa de aproximadamente 7 milhões de reais para ser concluída.

Depois de entrar em recuperação judicial, a Agrenco firmou um contrato operacional com a suíça Glencore. O acordo previa que a Glencore aportaria 50 milhões de reais na empresa, desde que a Agrenco colocasse outros 30 milhões de reais. Sem recursos, a Agrenco negociava arrendar a usina de Caarapó por um prazo que poderia variar entre dois e cinco anos. Os lucros da operação seriam divididos meio a meio. Em troca, a Glencore faria sozinha os aportes para a operação de Alto Araguaia.

Iafelice, por via de assessores, contesta essa negociação. Diz aos minoritários que o acerto é danoso à empresa e que estaria buscando recursos para viabilizar a operação das fábricas.

O impasse, ao que tudo indica, está longe de ser resolvido. E, neste caso, os acionistas minoritários terão poder decisivo. Para conseguir a mudança no conselho, Iafelice e a Agrenco Holding precisa juntar pelo menos outros 18,79% de ações em mãos de minoritários.

VOLTAR IMPRIMIR