12 de Agosto de 2010 - 10h:18

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Presidente do BNDES rebate críticas sobre concentração de financiamentos

Por: O Globo

O presidente do BNDES, Luciano Coutinho, rebateu nesta quarta-feira os críticos que alegam que os financiamentos concedidos pelo banco são concentrados nos maiores grupos empresariais do país. Coutinho mostrou dados do desempenho do BNDES, que mostram um salto no volume de recursos às médias, pequenas e microempresas. Segundo o estudo, de janeiro de 2008 a julho deste ano a média de desembolsos para empresas de menor porte foi de 23,46% do total de desembolso, saltando para 36,17% somente nos primeiros seis meses de 2010.

No entanto, a dificuldade de mostrar esses dados como tendência passa pela forte oscilação da média, já que no ano passado a soma de participações foi de 17,54%. Nesse caso, o percentual das grandes empresas foi inflado pelo empréstimo especial de R$ 20 bilhões concedido à Petrobras, a preços de mercado, por ocasião da crise financeira internacional, diante da escassez de crédito.

Enquanto isso, segundo o presidente, os dez maiores grupos empresariais responderam por 21,8% dos financiamentos entre o começo de 2008 e junho de 2010, no que ele chamou de uma trajetória descendente.

- Sabemos que, em períodos eleitorais, as torcidas ficam muito animadas. Isso é natural. Mas nós trabalhamos seriamente e temos números para embasar o que dizemos. Mostramos esses dados não com o objetivo de polemizar, mas, sim, de prestar contas à sociedade. O BNDES tem contribuído para descentralizar os investimentos no Brasil - afirmou Coutinho, durante a divulgação do desempenho do BNDES nos sete primeiros meses do ano.

De acordo com o balanço do banco, de janeiro a julho de 2010, empresas de grande porte receberam 64% dos R$ 72,6 bilhões emprestados no período, enquanto pessoas físicas e micro, pequenas e médias empresas ficaram com a fatia de 35%.

Segundo Coutinho, nos últimos três anos, a média de participação dos 10 maiores grupos econômicos nos recursos liberados pelo banco foi a mais baixa da série histórica, iniciada em 1996.

- Não está havendo concentração de desembolsos em grandes empresas, muito pelo contrário, há desconcentração - defende o presidente. Nos últimos 12 meses, de um total de 530 mil operações de crédito, 490 mil teriam sido direcionadas às médias, pequenas e microempresas.

A operação especial à Petrobras inflou também a participação da indústria nos desembolsos no ano passado, o que fez com que houve, nos últimos 12 meses, uma queda de 19% dos recursos destinados ao setor industrial, na comparação com o mesmo período do ano anterior. O total foi de R$ 48,333 bilhões, abaixo do registrado pela infraestrutura, que recebeu R$ 52,252 bilhões, após aumento de 23% na liberação de recursos nos 12 meses.

No acumulado deste ano, infraestrutura lidera os desembolsos, com 39% do total (R$ 28,286 bilhões), seguido pela indústria, com 33% (R$ 23,835 bilhões). O setor de comércio e serviços ficou com 20% (R$ 14,873 bilhões) do montante concedido pelo BNDES em empréstimos e a agropecuária recebeu 8% do total (R$ 5,661 bilhões).

De acordo com Coutinho, um dado que "revela a força dos investimentos em curso no país" são as aprovações realizadas pelo banco. Este ano, já foram aprovados empréstimos no valor de R$ 99,577 bilhões, com um crescimento de 14% em relação ao mesmo período do ano passado. Foram enquadrados nas regras do banco desembolsos no valor de R$ 104,539 bilhões. E as consultas realizadas no banco de fomento chegaram a R$ 134,142 bilhões.

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