14 de Outubro de 2010 - 12h:45

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Crédito facilitado em instituições financeiras pode ser uma grande 'roubada' para quem não tem controle e disciplina

Por: Karine Tavares - O Globo

Pegou crédito universitário e não conseguiu pagar? Financiou o carro novo e se enrolou? Foi morar sozinho e não deu conta? Abusou do cartão de crédito? Motivos para fazer dívidas por aí não faltam. Difícil mesmo é conseguir pagar as contas e quitar as dívidas sem apertar o orçamento. Conversamos com a advogada Juliana Bumachar, especialista em falências e recuperação de empresas, que dá dicas para sair do sufoco.

O office-boy Guilherme Farias ganhou o primeiro cartão de crédito quando trabalhava numa operadora de cartões. Logo veio o segundo e, pouco tempo depois, a demissão. Aos 21 anos, já casado e com um filho recém-nascido, as dívidas foram se acumulando. O cartão, uma mão na roda na hora de mobiliar a casa nova, virou um monstro. Sem ter como pagar, ele desistiu. Mas a bola de neve continua crescendo: beira os R$ 4 mil em dois cartões e no cheque especial.

- Eu até tentei negociar, em março deste ano, mas os juros que eles cobram são absurdos. Se eles fizessem parcelas fixas por um período curto, eu até pagaria. Mas, do jeito que eles fazem, não dá. Estão me cobrando o triplo do que eu realmente devo - reclama.

Sem ter como arcar com o aluguel, Guilherme voltou para a casa dos pais. O casamento acabou desfeito, mas ele não abre mão de pagar pensão ao filho, hoje com 1 ano e 8 meses. Empregado novamente há pouco mais de um mês, agora numa financiadora, Guilherme já pensa em pedir um empréstimo no trabalho para quitar as dívidas antigas.

- No consignado (com desconto em folha), os juros são menores, cerca de 2% contra os 13% do cartão - justifica.

Mas, segundo Juliana, o que vale para grandes corporações pode ser perfeitamente usado pelos jovens. Ela enfatiza que trocar uma dívida pela outra nunca é bom negócio, mesmo que os juros sejam menores.

- Ele vai pagar duas vezes. Melhor renegociar com o banco. Para grandes corporações, dívidas como a dele são pequenas. Não vale a pena para o banco entrar com uma ação judicial. Ele deve mostrar que quer pagar, dizer quanto pode comprometer do orçamento com a dívida e tentar um acordo.

Para sair do buraco (ou nem cair nele)

DISCIPLINA - Passar o cartão é muito fácil. É preciso ter controle sobre o orçamento. Se o banco oferecer o aumento de seu limite, diga não. E tente manter o limite em até 30% do total do que ganha. Tem um salário de R$ 1.000? O limite deve ser de R$ 300, no máximo.

RAPIDEZ - Tente estancar a dívida o mais rápido possível. Procure fazer o parcelamento do cartão ou renegociar o financiamento e tente reestruturar o pagamento dentro da realidade de seu orçamento. Nunca comprometa mais de R$ 25% da sua renda com cartão de crédito.

BOA VONTADE - Na hora de negociar, esmiuce a sua dívida ao máximo e tente renegociar a taxa de juros. Muitas vezes, elas não são legais. No início da vida, o jovem não vai ter bens e, em caso de dívidas pequenas, não vale a pena para a instituição financeira entrar com uma ação judicial, que é muito custosa. Mostre que é mais interessante continuar como cliente.

GARANTIA - Exija um documento por escrito com a renegociação.

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