22 de Outubro de 2010 - 11h:10

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Recuperação econômica começa em casa

Por: William Hague - Valor Online

Nesta semana, foi anunciada a revisão do orçamento do governo britânico para os próximos quatro anos. Estamos tomando providências urgentes para reduzir o déficit e já demonstramos que estamos determinados a viver dentro das nossas possibilidades. Começamos a revigorar nosso engajamento diplomático com o mundo, ampliando nossa ligação com as economias que mais crescem e promovendo o Reino Unido como destino para negócios e investimentos. Acreditamos que a recuperação econômica começa em casa, mas que temos que buscar novas oportunidades e parceiros além de nossas fronteiras.

O desafio econômico a nossa frente é formidável, mas temos uma visão definida para o futuro do país. Decidimos priorizar os gastos na saúde do povo, na educação dos jovens e na segurança e na infraestrutura da nação, para alavancar o crescimento econômico. Estamos construindo uma sociedade mais justa e mais responsável, com mais oportunidades, para que as pessoas consigam sair da pobreza por elas mesmas, com o Estado concentrando seu foco naqueles que mais precisam. Estamos promovendo uma reforma no setor público, ampliando a transparência e a prestação de contas, dando mais poder e responsabilidade aos cidadãos e criando condições para melhorar os serviços prestados de forma sustentável. E estamos também trabalhando por uma economia mais forte, com mais empregos, investimentos e crescimento para uma recuperação liderada pelo setor privado.

Protegemos ao máximo aquelas áreas em que o gasto público é mais importante para o crescimento econômico e buscamos reformar aquelas nas quais é possível ampliar a eficácia dos gastos.

Sabemos que não podemos ter crescimento sustentável sem que as finanças públicas estejam em ordem. Criamos o Escritório para Responsabilidade Orçamentária - um órgão independente com o poder de fazer previsões de crescimento e de receita fiscal e imune às tentações do ciclo político. E assumimos o compromisso de eliminar o déficit estrutural do país ao final deste mandato do Parlamento. Para o Fundo Monetário Internacional (FMI), esse foi um passo necessário para garantir a sustentabilidade fiscal e uma recuperação equilibrada.

Nossa revisão do orçamento é parte de um plano ambicioso de criar um dos mais competitivos ambientes de negócios do mundo. No nosso entendimento, a economia britânica do futuro deve ser construída em investimentos, poupança e exportação. E estamos determinados a usar o nosso duro projeto de consolidação fiscal como um trampolim para o crescimento, impulsionado pelo setor privado.

A partir de 2011, vamos reduzir gradualmente o imposto corporativo para 24% - a menor taxa do G-7. Vamos reduzir o imposto sobre pequenos lucros corporativos para 20%, o imposto sobre ganhos de capital para empreendedores e ainda as contribuições de empregados para a Previdência. Além de ampliar a ajuda a pequenas empresas que precisam de crédito e fazer do Reino Unido o lugar mais fácil do mundo para abrir um negócio.

Mas não podemos esquecer que, mesmo com a recessão, o Reino Unido continua a ser a sexta maior economia do mundo. Temos um dos mercados de trabalho mais flexíveis da Europa e, de acordo com a OCDE, somos o país com menos barreiras do mundo para a iniciativa privada. Nossa indústria de serviços financeiros sem rivais, nossa orientação global e nossa visão do mundo, nosso talento criativo e nossas universidades de renome, além de nossa posição ideal entre os fusos horários da Ásia e das Américas fazem de nós uma economia aberta.

Temos uma base sólida e queremos injetar um novo foco comercial nas nossas relações com o Brasil. Os dois países têm uma relação histórica, já somos os segundo parceiro mais importante do Brasil em pesquisas científicas e queremos estreitar ainda mais as relações e cooperação nas áreas de desenvolvimento internacional e nos assuntos globais econômicos e políticos, inclusive no G-20 e na Organização das Nações Unidas.

Mas a balança comercial dos dois países ainda é pequena, perto do seu potencial. Várias delegações comerciais britânicas visitaram o Brasil nos últimos meses e percebemos mais e mais interesse no Brasil entre as nossas empresas. A agência britânica de Comércio e Investimento (UKTI) registrou um aumento de 500% nos últimos três anos no número de empresas britânicas que buscaram apoio para entrar no mercado brasileiro. E também vem registrando mais interesse de empresas brasileiras que buscam a internacionalização. Ficamos muito orgulhosos pelo BNDES ter escolhido Londres como sua base europeia. Queremos continuar trabalhando para abrir novos mercados e para construir uma rede de relacionamentos bilaterais mais fortes entre o Reino Unido e o Brasil, na qual o comércio flua nas duas direções, para que ambos cresçam e prosperem juntos.

Estamos confiantes de que estamos no caminho certo internamente e no exterior para contribuir para uma economia global próspera e estável.

William Hague é ministro das Relações Exteriores do Reino Unido

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