27 de Dezembro de 2010 - 13h:37

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Após provisão para perdas, fundo da BI Invest é reaberto

Por: Valor Econômico

Asset já estuda medidas para recuperar investimento em CCBs e administradora convoca assembleia de cotistas para decidir rumo da aplicação.

O fundo BI-Invest Fundo de Investimento Referenciado IRF-M de Crédito Privado foi reaberto para aplicações e para resgates. A carteira havia congelado os saques por conta de Cédulas de Crédito Bancário (CCBs) do grupo O M Garcia Filho, empresa de materiais elétricos que entrou com pedido de recuperação judicial. As CCBs são uma espécie de nota promissória emitida por empresas em troca de empréstimos. Na semana passada, a Oliveira Trust Service, administradora do fundo, havia anunciado a suspensão dos resgates da carteira.

Segundo informações presentes no site da Comissão Valores Mobiliários (CVM), os papéis da empresa representam 15,24%, do patrimônio líquido do fundo, que somava R$ 49,296 milhões no dia 14. Isso significa uma perda potencial de R$ 7,3 milhões. No total, a carteira reúne 11 cotistas classificados como superqualificados - aqueles com aplicação inicial de R$ 1 milhão.

De acordo com fato relevante publicado pela Oliveira Trust, após análise dos impactos sobre a carteira, a administradora resolveu provisionar para perdas o correspondente a 30% do valor das CCBs no fundo, o que significa R$ 2,194 milhões. Uma assembleia foi marcada para o dia 27, quando os cotistas definirão os rumos do fundo. No dia 15, após realizadas as provisões, o total de ativos na carteira somava R$ 49,015 milhões.

A gestão do fundo é feita pela asset BI Capital, de Reinaldo Zakalski. Segundo ele, trata-se de um fundo cujo objetivo é fornecer crédito para empresas que, por algum motivo, estejam momentaneamente com dificuldade de obter empréstimos.

Zakalski afirma que um escritório de advocacia já foi contratado para acompanhar todo o processo de recuperação judicial pedido pela O M Garcia Filho. "Não se sabe exatamente a dimensão dessa recuperação judicial e tudo dependerá de qual linha será adotada pelo juiz nesse processo para sabermos se existe possibilidade de negociação dessas CCBs", explica o executivo. "As medidas de cunho legal e administrativas já foram feitas."

O sócio da BI Invest diz que ficou surpreso com o pedido de recuperação judicial da O M Garcia Filho, já que se trata de uma companhia de 40 anos, prestadora de serviços para CPFLe Eletros. Além do BI-Invest IRF-M, a BI Invest mantém outra carteira de crédito privado, mas na forma de fundo de recebíveis (FIDC). De acordo com Zakalski, somente o IRF-M contém CCBs da empresa de materiais elétricos.

A decisão da administradora de provisionar apenas 30% do ativo - e não a totalidade - ocorreu porque as CCBs não estão com pagamento atrasado, conta Alexandre Lodi, sócio-gerente da Oliveira Trust. "Fomos até conservadores", diz. "Na hora de fazer a provisão, o administrador deve levar em conta uma série de variáveis, assim como as garantias e o prazo do crédito sem pagamento", explica ele, ressaltando que essa provisão pode aumentar ou diminuir dependendo do que ocorrer.

Segundo o site da CVM, o BI-Invest Fundo de Investimento Referenciado IRF-M de Crédito Privado mantém duas CCBs do grupo O M Garcia Filho. Uma, com vencimento em julho de 2012, representando 10,20% do patrimônio do fundo. A segunda vence em fevereiro de 2013 e responde por uma fatia de 5,07% da carteira.

O fundo foi reaberto, pois, após realizada a provisão, a administradora acredita que a cota já reflete as possíveis perdas.

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