18 de Janeiro de 2011 - 12h:12

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Mercado aposta na retomada do ciclo de alta dos juros

Por: DCI

Na tarde de hoje, o presidente do Banco Central (BC), Alexandre Tombini, participará da primeira reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) deste ano e, também a primeira sob seu comando. Especialistas avaliam que já neste início de 2011 Tombini terá vários desafios a enfrentar e um deles será definir qual deve ser a taxa básica de juros (Selic), a manter a inflação mais próxima ou exatamente no centro da meta, de 4,5%.

"A inflação será um grande desafio para Tombini. Como o Banco Central opera com sistema de metas, sempre buscando alcançá-la, e a previsão é de que a inflação aumente bastante, isto será um grande desafio", avalia a economista do banco Santander, Tatiana Pinheiro. Amanhã, o Copom anunciará sua decisão.

Há quase uma unanimidade de
analistas que acreditam em aumento da taxa básica em 0,5 ponto percentual, ao passar dos atuais 10,75% para 11,25%. Eles afirmam que se o BC não elevar a Selic nessa reunião, a inflação deve avançar ainda mais já neste início de ano.

O ano passado terminou com inflação acima do centro da meta: a 5,91%. "A inflação, no Brasil, segue merecendo destaque, com as pressões sazonais de início de ano se somando aos índices já puxados por outros fatores recentes. Com isso, as expectativas seguem em elevação. Neste cenário, sob demanda ainda aquecida, o Copom deve iniciar um novo ciclo de alta da Selic. O consenso é de ajuste de 50 pontos nos juros", analisa o economista-chefe do banco Schahin, Silvio Campos Neto, ao lembrar que o BC já havia sinalizado elevação da taxa, no último Relatório Trimestral da Inflação, divulgado no final de 2010.

Ele destaca que caberá avaliar "atentamente" o comunicado divulgado logo após a decisão do Comitê no site do BC. "Ele [comunicado] pode trazer pistas sobre os próximos passos da política monetária, como o ritmo de alta e o tamanho esperado do ajuste", prevê Campos Neto.

Inflação

A cada semana sobe a previsão do mercado para o Índice Nacional de
Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) - inflação oficial. De acordo com relatório Focus, divulgado ontem, os analistas consultados pela autoridade monetária aumentaram de 5,34% para 5,42% sua expectativa para o IPCA deste ano. Para o Produto Interno Bruto (PIB) de 2011, eles aguardam alta de 4,5% (há 58 semanas) comparada a 2010, que deve crescer entre 7,5% e 8%.

"O mercado trabalha com a expectativa de que mesmo o aumento da Selic a 12,25% [segundo relatório Focus] não seja suficiente para que o centro da meta da inflação seja alcançado. Ou seja, ela [inflação] deve diminuir [comparada ao ano passado], mas ainda não deve fechar a 4,5%", entende Tatiana, que prevê IPCA a 5,5% no final de 2011. Para ela, a meta seria alcançada somente em 2012 caso a taxa básica de juros terminasse este ano a 13% ao ano.

Na semana passada, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, também previu que a inflação deste ano deve fechar acima do centro da meta, a 5%. E que sua projeção é de que a
economia brasileira avance 5% neste ano.

"Permanece a expectativa de que em 2011 a atividade apresentará um comportamento mais moderado no País, com alguma desaceleração do ritmo da demanda. Todavia, o descompasso existente entre oferta e demanda requer ajustes de política monetária e fiscal, a fim de se atenuado. Desta forma, mantemos uma visão de
crescimento ao redor de 7% a 7,5% no consumo doméstico em 2011, com o PIB se expandindo 4,4%", projeta o economista do banco Schahin.

Focus

Os analistas consultados pelo Banco Central também preveem, segundo relatório Focus, que a produção industrial deve fechar com crescimento de 5,02% em relação ao PIB deste ano, ligeira queda ante o documento anterior (5,03%). Para eles, os preços administrados em 2011 devem terminar em 4,4%, contra 4,5% previstos anteriormente.

Para a dívida líquida do setor público, outro elemento de destaque, o mercado também revisou o prognóstico para fechar este ano, de 39,65% do PIB para 39,60 % do PIB.

Com relação à balança comercial, a projeção é de que termine em US$ 9 bilhões, aumento da expectativa se comparada à semana passada, que foi de US$ 8,75 bilhões. Para a corrente comercial, a estimativa passou de déficits de US$ 67,44 bilhões para US$ 67,49 bilhões em 2011. Já a previsão para o ingresso de investimentos estrangeiros (IED) permanece a mesma do documento passado, de US$ 40 bilhões, segundo relatório Focus.

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