10 de Fevereiro de 2011 - 11h:50

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Usina Guaricanga está sendo negociada

Três grupos, dentre eles estrangeiro, estão interessados na compra de destilaria da família de ex-deputado Hermann

Por: Lilian Grasiela - JCNet

Em quinze dias, a Destilaria Guaricanga, pertencente à família do ex-deputado federal João Hermann, deverá ser vendida. Três grupos - um estrangeiro, um de São Paulo, e um do Mato Grosso do Sul - estariam interessados em adquirir a usina, localizada em Presidente Alves (56 quilômetros de Bauru), que, atualmente, passa por processo de recuperação judicial. Mesmo com o fechamento do negócio, o plano de recuperação judicial, aprovado no final do ano, terá de ser cumprido.

O advogado da ERS Consultoria, Euclides Ribeiro da Silva Junior, responsável pelo processo de recuperação judicial da usina, confirma as negociações com as três empresas, mas prefere não falar em valores. “Eu não tenho posição de que nenhuma dessas três (propostas) foi efetivamente fechada. Qualquer conclusão passaria por mim. Não há, até o momento, fechamento de nenhum negócio”, afirma.

Segundo ele, um grupo do Nordeste também teria demonstrado interesse na compra da empresa, mas as negociações não avançaram. “Esse eu descartaria porque eles não mostraram interesse muito acintosamente. Os outros três, efetivamente, estão em negociação”, diz. “A juíza homologou o plano (de recuperação) e, com essa homologação, as negociações ficaram mais concretas. Nós devemos ter um desfecho nos próximos quinze dias”.

O advogado conta que a eventual venda da Destilaria Guaricanga não irá interferir no andamento do plano de recuperação judicial aprovado em assembleia pelos credores da usina. “Qualquer desses três grupos – do Mato Grosso do Sul, São Paulo e o grupo estrangeiro -, ao adquirir, irá cumprir o plano conforme já foi acertado com todos os diretores e efetuar os investimentos necessários na usina”, adianta.

De acordo com Silva Junior, o plano de recuperação já está em andamento com a venda da Fazenda São Sebastião, o que permitirá injetar capital na usina e saldar dívidas trabalhistas. “O juiz de Bauru já determinou que fosse publicado edital. Esse edital deve ser publicado até sexta-feira e terá 30 dias para que as pessoas apresentem propostas para comprar a fazenda São Sebastião”, diz. “Com o dinheiro da venda da fazenda, iremos iniciar o pagamento dos trabalhadores”.

Além disso, o advogado espera que, independentemente da concretização da venda da usina, ela possa voltar a produzir ainda neste ano. “As expectativas são muito grandes de que nós vamos iniciar a reforma da usina agora, nos próximos quinze dias, fechando com algum desses grupos ou, mesmo não fechando, com a venda da Fazenda São Sebastião”, conta. “E vamos empregar novamente e moer nessa safra, a partir de maio desse ano”.

Plano de recuperação

A Destilaria Guaricanga teve seu pedido de recuperação judicial deferido em agosto pela juíza da Comarca de Pirajuí, Jane Carrasco Alves Floriano, após enfrentar várias greves, atrasar o pagamento de seus funcionários, emitir cheques sem fundo e deixar de pagar verbas rescisórias e Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) dos empregados demitidos.

Atualmente, a dívida da usina está calculada em cerca de R$ 60 milhões. A medida garantiu que ações de execução contra a empresa fossem suspensas por 180 dias. Em dezembro, durante a Assembleia Geral de Credores realizada em Pirajuí, a Destilaria Guaricanga conseguiu ter seu plano de recuperação judicial aprovado.

O acordo, que prevê o pagamento de 1.700 credores, estabeleceu que as dívidas trabalhistas que não ultrapassarem cinco salários mínimos (R$ 2.700,00) deverão ser quitadas à vista, num prazo de 40 dias a partir da homologação do plano pela Justiça. Os débitos acima desse valor serão parcelados em seis vezes.

Durante a assembleia geral, a usina também fechou negociações com credores da destilaria com garantias como penhor e hipoteca (fornecedores, arrendatários e bancos) e credores sem garantia. A proposta aprovada para ambas as categorias de credores prevê carência de 18 meses (1 ano e meio) para o pagamento das dívidas, contados a partir da data da reunião.

No acordo, ficou determinado que 15% dos recursos angariados pela Destilaria Guaricanga serão destinados ao pagamento de débitos trabalhistas, 35% ao setor da indústria e 50% para a lavoura, mas com cláusula de validade até 15 de abril de 2012 caso haja negociação de venda da empresa.

O credor comum que tem dívida abaixo de R$ 100 mil vai receber seu débito parcelado em 12 vezes, com prazo de carência de 18 meses. Há cláusula de opção ao credor que aceitar deságio nominal de 33% no valor total dos seus créditos prevendo pagamento em 36 meses, com 12 meses de carência.

A destilaria tem prazo até meados de junho para começar a moer cana-de-açúcar. Até 15 de dezembro de 2011, a destilaria vai ter de demonstrar à Justiça que moeu 600 mil toneladas do produto. Se for descumprido qualquer cláusula do plano de recuperação, será decretada a falência da destilaria.

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