02 de Março de 2011 - 12h:13

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Renegociação de dívida: a primeira etapa para uma reestruturação eficaz

Quando a situação começa a fugir do controle, é hora de repensar as decisões e buscar soluções.

Por: Vincent Baron

O sucesso de uma empresa não está ligado somente a uma ideia inovadora, uma excelente estratégia de marketing ou até mesmo à fidelização de seus clientes. Não é raro vermos empresas líderes de mercado passarem por dificuldades, alimentarem dívidas gigantescas, entrarem em recuperação judicial e, só depois de um momento crítico, iniciarem um processo de reestruturação. O problema é que, independentemente do porte da companhia e do mercado de atuação, a má gestão e decisões financeiras equivocadas são problemas comuns e que podem comprometer a trajetória de qualquer companhia. O processo de reestruturação, se bem conduzido, ajuda a tornar as empresas ainda mais fortes e eficazes.

Quando a situação começa a fugir do controle, é hora de repensar as decisões e buscar soluções. Muitos empresários, não sabendo como lidar com situações críticas, acabam aumentando financiamentos bancários de curto prazo, criando uma verdadeira bola de neve. Também é comum vermos decisões desesperadas, como baixar excessivamente os preços para aumentar o faturamento, e conseguir ter mais duplicatas para descontar.

O primeiro passo para melhorar a saúde de uma empresa é financeiro, especialmente pensando em criar um plano de reestruturação crível, gerar números gerenciais confiaveis e renegociar as dívidas. Essas dívidas podem ser com Instituições Financeiras, com o Governo ou fornecedores, e a renegociação permite ter um alívio que permita a empresa retomar o caminho do crescimento sustentável. Este passo é o mais indicado para tentar sair da inadimplência e reconstituir a saúde financeira da companhia. Quanto pior a situação, mais raras são as soluções. Assim, a recomendação é não esperar a situação chegar ao extremo para procurar soluções.

A empresa precisa ter claramente definidas as suas despesas por centro de custo, com gastos fixos e variáveis e os desembolsos necessários para o pagamento das dívidas – não somente o pagamento de juros e sim com o pagamento do principal. Conhecimento, controle e planejamento são palavras chaves para uma boa gestão financeira que fica mais critico quando a empresa esta mal.

Somente com informações claras com relação à dívidas, custos, fluxo de caixa e custos fixos e variáveis, a empresa pode começar a traçar um planejamento para renegociar com os credores, e principlamente as Instituições Financeiras.

Apesar da ausência de dados estatísticos, estima-se que o primeiro item que as empresas deixam de pagar são os impostos. As empresas que enfrentam dificuldades financeiras acabam deixando este custo para o segundo momento. Os fornecedores assumem o segundo lugar no ranking. Depois de evitarem os desembolsos com o pagamento dos impostos, a saída é atrasar o pagamento dos fornecedores não estratégicos. Este caso, no entanto, pode gerar sérios problemas com relação a própria produção e o andamento das atividades da empresa.

Por último, estão as instituições financeiras. Entrar na ciranda financeira significa muitas vezes tomar empréstimos para pagar os custos de outros financiamentos e o problema parece não ter mais fim. Renegociar divida bancária requer um bom conhecimento dos produtos financeiros disponíveis, que tambem variam em função do porte da empresa. Principal, prazo, taxa e garantias são as quatro dimensões que entram na renegociação; mas ter um plano crível e o apoio de profissionais sérios e que transmitem confiança pode fazer uma boa diferença.

Nos três casos, a renegociação da divida é um dos primeiros passos recomendados, junto com redução de custos e aumento do faturamento. Ou seja, a reestruturação operacional da empresa tem que ser concomitante a uma renegociação de dividas; renegociar dívidas reduz a febre, mas não cura a doença. E a venda de ativos não estratégicos pode ser uma boa alternativa para gerar caixa no curto prazo, conseguir melhores condições de negociação e demostrar comprometimento.

Quando a situação é ainda mais crítica, a saída pode ser entra em recuperação judicial. A legislação recente foi uma grande conquista que já ajudou milhares de empresas a ter folego para sair do vermelho e voltar a operar normalmente. No entanto, antes de chegar a este estágio, há alternativas viáveis para recuperar a saúde financeira da empresa. A renegociação é o primeiro passo.

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