26 de Abril de 2011 - 17h:23

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Mato Grosso consolida nova cadeia produtiva e carne de frango registra marca histórica

Por: PR Consultoria

Especialistas já sinalizavam e os números comprovam: Mato Grosso está despontando com novas cadeias produtivas e a industrialização é a principal responsável por essa evolução. Prova disso é que pela primeira vez na série histórica das exportações estaduais, a carne de frango superou o volume embarcado de carne bovina, apresentando um incremento de 42,5% em relação a primeiro trimestre de 2010, correspondente a 47,09 mil toneladas.
 
Segundo o economista da PR Consultoria, Carlos Vitor Timo, o crescimento acelerado dos embarques estaduais de carne de frango mostra a avicultura se consolidando como uma nova e dinâmica cadeia produtiva estadual. “Tal fato oportuniza a agregação de valor via conversão de proteína vegetal em proteína animal, reflexo do desenvolvimento industrial que estamos vivenciando”, avalia.
 
Mato Grosso registrou nesse primeiro trimestre de 2011, um superávit acumulado na Balança Comercial de US$ 1,72 bilhão, valor 1,0% menor do que o saldo de US$ 1, 74 bilhão do mesmo período do ano passado, porém, mesmo com essa pequena retração, o superávit estadual representou 54% do saldo do país e o terceiro melhor no ranking dos Estados. “Perdemos apenas para Minas Gerais e Pará, o que mostra bem a nossa importância para a economia brasileira”, comenta Timo.
 
As exportações mato-grossenses acumuladas até março, de US$ 1,99 bilhão, aumentaram 1,8% em relação ao mesmo período de 2010, enquanto que as importações cresceram 24,6%. “Esses números explicam a queda em nosso superávit no período”, pontua. Ainda na nona posição no ranking dos Estados exportadores, os principais destinos das vendas externas foram União Européia e a Ásia, respondendo por 35,5% e 34% do total, respectivamente, seguidos do Oriente Médio (11,8%).
 
A China, isoladamente, continua sendo nosso maior cliente comprando 19,6% das exportações, seguida da Holanda com 15,7% e do Irã com 7,8%. “É importante registrar o expressivo crescimento das exportações para os países da África e do Oriente Médio, podendo sinalizar uma nova tendência de diversificação de nossa pauta, por se tratar de alimentos processados, principalmente óleo de soja e carnes”.
 
Os principais fornecedores externos continuam sendo, pela ordem, a Belarus, Rússia e Estados Unidos com 17%, 13% e 12% respectivamente. De acordo com o economista, no período houve crescimento das importações da Argentina, da China e da Ucrânia, que também pode sinalizar nova tendência de diversificação de pauta, com maior participação de insumos intermediários e bens de produção nas importações estaduais. “Por exemplo, a China vem se destacando nas vendas de aço e de equipamentos industriais”, comenta o economista.
 
SOJA - As exportações totalizaram US$ 1,14 milhão, registrando queda de 9,6 % em valor em relação a 2010, explicada pela redução dos embarques físicos de soja-grão e de farelo, de 33,2% e 24,7%, respectivamente, mesmo com o aumento nas cotações internacionais desses produtos. “Tais resultados negativos podem ter sido influenciados até mesmo pelos gargalos logísticos de nossos portos e outras contingências de mercado e devem ser brevemente superados”, enfatiza Timo.
 
No caso do óleo de soja, houve um expressivo aumento nos embarques no período, que pode ser explicado, em parte, pelo aumento de 37,6% no preço externo do produto e também por contingências de mercado (estoques de passagem, entressafra etc). “As vendas de óleo de soja nesse primeiro trimestre foram surpreendentes, totalizando US$ 57,9 milhões, contra apenas US$ 1,73 milhão do mesmo período do ano passado”.
 
Nesse trimestre, respondemos por 47% dos embarques nacionais de soja-grão, 29% dos embarques físicos de farelo, 13% de óleo e por 15% das vendas de glicerina, porcentagens que confirmam a importância de Mato Grosso para a consolidação do Brasil no mercado internacional desses produtos.
 
MILHO E ALGODÃO - O milho com embarques físicos de 1,86 milhão de toneladas foi o grande destaque do trimestre, acumulando aumento de 30,5% em volume físico e de 78,6% em valor, quando comparado com o mesmo período de 2010, dado o aumento de 36,9% no preço internacional do produto. “É importante registrar que o milho superou a soja in natura, em volume físico, pela primeira vez na série histórica, se colocando como excelente alternativa de renda e de divisas para a agricultura estadual”, enfatiza Timo.
 
Os embarques físicos de algodão caíram 62,7% apesar do aumento de 25,9% no preço internacional, resultando em retração de 53% no valor das vendas externas do produto. Para o economista, tais resultados devem ser superados ao longo do ano, dado o aumento vigoroso do plantio em Mato Grosso por conta da excelente remuneração da cultura, devido o comportamento dos preços internacionais. Mato Grosso respondeu por 71,6% das vendas físicas de milho do país e por 47,5% dos embarques de algodão.
 
CARNES – A carne de frango foi destaque do complexo. A carne bovina, embora apresentando crescimento menor, registrou elevação de 26% em faturamento de US$ 185,04 milhões que isoladamente, em valor, perde apenas para as vendas de soja-grão, milho e farelo de soja.
 
A carne suína, com redução de 10,9% nos embarques, acumulou crescimento de apenas 0,9% em valor, dado o aumento de 13,3% no preço internacional do produto. “O desempenho registrado pelo segmento frigorífico em vendas externas, pelo que representa para a agregação de valor e geração de emprego e renda, é um feito da mais alta relevância, consolidando Mato Grosso como um player mundial na produção de alimentos”, diz Timo.
 
Neste primeiro trimestre, Mato Grosso participou com 15,6% da carne bovina exportada pelo país, com 5,1% dos embarques de carne de frango e com 3,8% de carne de suínos, respondendo também por 11% das vendas nacionais de couro.
 
MINERAIS - As exportações do segmento foram alavancadas pelo ouro, que mesmo com a queda de 31% na quantidade exportada teve retração de apenas 14,2% no faturamento, devido ao aumento de 24,5% no preço.  As vendas de diamantes tiveram forte retração, mesmo com o aumento de 32,7% na cotação internacional, “provavelmente sentindo a defasagem cambial, que interfere bastante no setor, inclusive na produção desse mineral”, comenta o economista.
 
Mesmo assim, Mato Grosso respondeu por 100% das vendas externas de diamantes do país e por 8,8% das vendas de ouro. O segmento vem crescendo substancialmente nos últimos anos, ocupando a sexta posição no ranking da pauta exportadora estadual, superando os produtos de base florestal.
 
PERDA CAMBIAL - Com o dólar de março/2010 (R$ 1,78) o montante das exportações do primeiro trimestre de 2011 totalizaria R$ 3,55 bilhões, contra apenas R$ 3,28 bilhões registrados com o dólar de março/2011 (R$ 1,65), fato que explica a diferença de R$ 268,3 milhões denominada ‘perda cambial’.
 
Carlos Vitor ressalta que a apreciação de 7,3% do real frente ao dólar no período é a explicação do ‘efeito estatístico’ desse resultado negativo. “O aumento de 1,8% em dólar no total de nossas vendas externas, transforma-se em queda de 2,3% em reais, ilustrando bem a perda cambial”. E complementa: “A queda dos embarques do complexo soja em função da sua significativa representatividade em nossa pauta, que era de 64% no mesmo período de 2010, caindo para apenas 57% em 2011, explica esse pequeno acréscimo de 1,8% no total exportado do período”.

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