13 de Dezembro de 2006 - 14h:24

Tamanho do texto A - A+

Superação na pequena empresa

Para melhorar resultados, empreendedores adotam técnicas de gestão de grandes companhias

Por: Agência Estado

Para o microempresário Gilberto Sanchez, sócio da marcenaria Lar e Arte, de São Paulo, o fato de sua empresa ser pequena não significa que ela não deva seguir padrões tão rígidos de gestão quanto o de uma multinacional. "Eu era funcionário de uma montadora e tudo que aprendi sobre certificação ISO e técnicas de gestão trago hoje para o meu negócio", conta ele, que por causa disso acabou sendo finalista do primeiro Prêmio Superação Empresarial, promovido pelo Sebrae-SP e que será entregue hoje.

Segundo Celso Quagliato, coordenador da premiação, cuidar bem da gestão é um desafio para qualquer empresa. E quando se é pequeno e o orçamento é baixo, as dificuldades são ainda maiores. "E a maior parte das soluções de destaque exige mais criatividade do que investimento em compra de máquinas ou reformas", diz Quagliato.

No caso de Sanchez, foi exatamente isso que ocorreu. Quando era responsável pelo desenvolvimento de produtos de uma montadora, ele fez cursos e se acostumou aos processos rigorosos na linha de montagem. Em sua marcenaria, ele implantou controles em todas as etapas de produção. Ele fabrica móveis sob medida. Sanchez adota até conceitos como 5S, que determina a limpeza do ambiente e melhoria do fluxo de trabalho. "Criamos panfletos e damos instruções diárias, além de exigir de cada funcionário anotações de seu trabalho, o que ajuda a controlar a produção e evitar desperdícios."

Já a estratégia de José Roberto Fidalgo Donadeli, outro finalista do prêmio, foi evitar o endividamento da sua empresa, a Doctorshoes, uma fabricante de calçados instalada em Franca (SP). "Reduzi os custos o quanto pude, inclusive terceirizando parte da produção, o que me permite não ter empréstimo em banco e estar livre de juros."

Para ele, isso permite que a empresa cresça com recursos próprios e se torne muito mais competitiva. Outra estratégia, diz, é planejar muito bem o lançamento de qualquer produto. "Muitas vezes o pequeno empresário começa a produzir sem pensar nos custos. Depois de um tempo, o produto se mostra inviável na hora da venda, um tipo de risco que não podemos correr."

ANÁLISE

Os 47 finalistas da premiação ainda contaram com uma consultoria do Instituto Paulista de Qualidade da Gestão (IPEG), que avaliou todas as empresas. José Luiz Abasolo, superintendente do IPEG, acompanhou todo o processo e tira uma conclusão: "Muitas micro e pequenas empresas estão bem os processos de produção, mas continuam se esquecendo dos indicadores de desempenho. Só pensam em faturamento, sem verificar se realmente estão tendo lucro."

Segundo ele, outro desafio ainda a ser superado pelas empresas paulistas é a análise de mercado. "Os negócios ainda são baseados nas impressões do dono. Ele tem uma idéia e a coloca em prática, sem questionar o mercado e verificar se ele realmente quer e precisa deste produto."

As empresas, no entanto, estão se saindo bem na questão de tratamento de empregados. "As que criam oportunidades de participação e estimulam o envolvimento dos funcionários são as que acabam tendo melhores resultados, pois a troca de idéias faz muito bem para quem é pequeno", diz.

Na Doctorshoes, por exemplo, Donadeli faz de tudo para que seus funcionários vistam a camisa da empresa. "A gente oferece até empréstimos para a compra de um carro ou reforma da casa, tudo sem juros, o que cria um sentimento de família na empresa e faz toda a equipe trabalhar coesa".
 
VOLTAR IMPRIMIR