18 de Junho de 2009 - 11h:27

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Grupo Guimarães entra em recuperação judicial em MT

Por: Valor - Mauro Zannata

Um dos maiores conglomerados empresariais do agronegócio no Centro-Oeste sucumbiu à crise internacional de crédito. O Grupo Guimarães obteve aprovação, na sexta-feira passada, para seu pedido de recuperação judicial na Justiça Estadual de Mato Grosso.

Dono de um passivo de R$ 278 milhões em bancos, factorings, fabricantes de máquinas agrícolas, indústrias de insumos e tradings, o grupo obteve a suspensão total de ações e execuções contra suas cinco empresas e oito sócios, além da retirada desses nomes das listas de restrição ao crédito e de serviços de protesto.

Controlador do grupo, o empresário Orcival Guimarães atribui a situação à instabilidade do câmbio, à crise financeira e às dificuldades logísticas enfrentadas por suas empresas de produção, comercialização e transformação de produtos agropecuários.

"Chegou uma hora que não dava mais para rolar a dívida", diz. Guimarães informa que buscará a renegociação do passivo e a redução dos juros pagos em financiamentos. "Não fiz para ganhar dinheiro nem para dar o cano. Fiz para re-arrumar, pagar todo mundo em dia e continuar trabalhando".

O grupo, que já teve 900 funcionários, contaria hoje com 350. "Quero vender parte do patrimônio e fazer frente aos pagamentos", afirma o empresário. "Tenho minha parcela de culpa, investi, acreditei no mercado, na superoferta de crédito e, de repente, cortou-se a oferta e recolheram tudo".

O pedido de recuperação foi deferido pelo juiz da 3ª Vara da Justiça de Mato Grosso em Lucas do Rio Verde, André Costa Gahyva. O advogado especialista Euclides Ribeiro Jr., da ERS Consultoria, afirma que o grupo apresentará em 60 dias um plano para pagar os credores em até 20 anos. "A situação deve estar resolvida em seis meses", afirma.

Foram incluídas na decisão seis revendas de máquinas da Massey Ferguson em Rondonópolis, Primavera do Leste, Paranatinga, Lucas do Rio Verde, Sorriso (MT) e Rio Verde (GO), uma algodoeira, três fazendas com 28 mil hectares e um confinamento de gado com capacidade estática para até 73 mil bois. Nesta safra, o grupo cultivou 40,8 mil hectares de soja e milho em áreas próprias e arrendadas e confinou 30 mil cabeças de gado.

A maior parte das dívidas está concentrada nos bancos Rabobank, Daycoval, Santander, Indusval, Fibra, De Lage Landen e Banco do Brasil. Os débitos de R$ 23 milhões com a Massey Ferguson estariam equacionados, segundo Guimarães. Há, ainda, um passivo de R$ 20 milhões com a fabricante de equipamentos Jacto, além de dívidas com indústrias de defensivos agrícolas e a trading Noble.

O Grupo Guimarães começou em 1981, em Rondonópolis, como revendedora de máquinas usadas. Depois, avançou para Primavera do Leste, Sorriso e Lucas do Rio Verde, que passou a ser a matriz do grupo. Também foram criadas filiais em Tangará da Serra, Campo Novo do Parecis e Rio Verde.

Em 2004, a instabilidade cambial e das commodities afetou o grupo. No ano seguinte, a inadimplência da clientela voltou a crescer, o que levou o grupo a bancos e factorings. A crise financeira mundial derrubou o segmento agrícola do grupo e provocou recuo nas vendas de máquinas. Sem caixa, o grupo viu o crédito secar. "Só fiz trabalhar na vida. Aconteceu isso trabalhando, não foi jogando".

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