11 de Novembro de 2009 - 13h:06

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Credor aprova plano de recuperação da Libra

Agroenergia: Com dívidas de R$ 280 milhões, destilaria do MT terá até 20 anos para quitar passivo financeiro

Por: Mauro Zanatta

O grupo mato-grossense Destilaria de Álcool Libra tornou-se a primeira empresa sucroalcooleira do país a obter, em reunião na segunda-feira, aprovação da assembleia geral de credores ao seu plano de recuperação judicial. Com dívida global de R$ 280 milhões, a empresa conseguiu descontos de até 70% em débitos para pagamento à vista, prazo de carência de 30 meses e até 20 anos para quitar seu passivo financeiro.

Para equacionar suas dívidas, incluídas na recuperação judicial desde o início de junho deste ano, a Libra também cedeu a credores duas fazendas, além de um terreno urbano em Cuiabá. Apenas três credores, responsáveis por R$ 45 milhões dessas dívidas, rejeitaram o plano de recuperação. Petrobras e os sucessores dos bancos Bamerindus e Banorte não aceitaram os termos propostos pelo grupo. "Alguns credores estavam brigando há dez anos na Justiça e conseguiram acertar suas contas nesa assembleia", diz o advogado especialista Euclides Ribeiro Jr., sócio da ERS Consultoria.

Com capacidade de processar 1 milhão de toneladas anuais de cana-de-açúcar e produzir 80 milhões de litros de etanol, a Libra emprega 1,5 mil funcionários no auge da safra na região de São José do Rio Claro, situada a 300 km da capital Cuiabá. A companhia, controlada pela família Ticianeli, é dirigida pelo presidente do Sindicato das Indústrias Sucroalcooleiras de Mato Grosso (Sindalcool), Piero Parini.

A assembleia de credores reuniu, segundo o advogado da Libra, 1.076 representantes de funcionários, fornecedores e bancos interessados na recuperação da Libra. A reunião foi no salão paroquial da igreja matriz de Rio Claro. A empresa devia R$ 2,62 milhões a 927 funcionários, R$ 85,18 milhões de nove credores possuidores de garantias reais e R$ 161,8 milhões de 140 credores chamados quirografários (sem garantias).

A Libra também atribuiu a aprovação do plano de recuperação judicial à autorização do Tribunal de Justiça de Mato Grosso para a venda de estoques de etanol dados em garantia à Piran Factoring para quitar débitos. "Sem isso, a empresa não teria conseguido renegociar as dívidas", diz o advogado Euclides Ribeiro Jr.

Em nota, a empresa explica ter entrado em recuperação por causa de "expressiva elevação" em seu endividamento de curto e médio prazos, incompatível com a capacidade de geração de caixa do grupo. Também contribuiu a "elevação brutal" nos custos de produção no período de 2000 a 2008 e o descolamento do preço de vendas, agravado nas últimas três safras. Os altos custos financeiros, restrição de acesso a capital de giro e financiamentos a taxas e prazos atraentes complicaram a situação. O excesso de estoques e a entrada de novas unidades de produção, gerando excedente de oferta, causaram perda de competitividade comercial, segundo a Libra.

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