11 de Junho de 2024 - 09h:25

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Após levantar R$ 690 milhões em CRAs, grupo da Pets Mellon flerta com recuperação judicial

Com passivo de mais de R$ 2 bi, Patense pediu à Justiça bloqueio de execuções e mediação com credores

Por: Pipeline Negócios

O grupo mineiro Indústria de Rações Patense, que trabalha com o processamento de produtos de origem animal, pediu à Justiça o bloqueio de execução de dívidas pelo prazo de 60 dias, durante o processo de mediação com os credores, enquanto avalia pedido de recuperação judicial ou extrajudicial casos essas negociações falharem.

 

O pedido de tutela cautelar, no qual a companhia reconhece R$ 2,17 bilhões em dívidas, é assinado pelo escritório TWK Advogados. A empresa pede suspensão dos processos administrativos, bem como a não interrupção do fornecimento de bens essenciais.

 

Além de dívidas bancárias, nos últimos anos a companhia também vinha acessando o mercado de capitais, somando ao menos R$ 690 milhões em Certificados de Recebíveis do Agronegócio (CRAs) emitidos pela Eco Securitizadora e distribuídos no mercado. Hoje a empresa tem ainda cerca de R$ 500 milhões nesses papéis no mercado, com o restante já vencido ou recomprado, segundo fonte. Agora, o grupo dono da marca Pets Mellon tenta a renegociação com credores no Centro Judiciário de Solução de Conflitos e Cidadania (Cejusc) na cidade de Patos de Minas.

 

O grupo atribui a crise financeira às aquisições feitas entre 2021 e 2023, entre elas da Sebbo Passofundense Indústria e Comércio de Adubos e Fertilizantes, que exigiram investimentos altos e não performaram como esperado. As plantas deficitárias, a alta alavancagem financeira e o custo das dívidas corroendo seus resultados operacionais levaram o grupo a se deparar com uma situação insustentável de caixa, argumentam os advogados.

 

Diante de atrasos de pagamento, a empresa teve o vencimento antecipado de dívidas declarado por credores em abril. Uma delas foi referente ao contrato de compra da unidade de Bioprodutos de Pescado das mãos da GDC, dona da marca Gomes da Costa, e Ki Tissa por US$ 15,6 milhões. Da mesma forma, a inadimplência no pagamento ao fundo Gama I FIP Multiestratégia, referente à aquisição da Farol Indústria e Comércio, que atua no processamento de resíduos animais, levou o fundo a acionar o seguro garantia dado pelo BTG Pactual e a carta fiança dada pelo Safra contratados pela Patense.

 

O grupo, fundado em 1970 por Antônio Gonçalves, atua no processamento de matérias-primas de origem animal para a fabricação de farinhas usadas na ração e alimentação animal, além de óleo destinado à indústria de higiene e limpeza e outros produtos. Possui quatro complexos industriais nos estados de Minas Gerais, São Paulo e Rio de Janeiro, com quase 2 mil colaboradores.

 

Em 2022, o Ministério da Agricultura chegou a determinar o recolhimento dos petiscos caninos produzidos pela Pets Mellon por ter constatado presença de etilenoglicol e de propilenoglicol em três lotes, substâncias tóxicas aos animais.

 

Imagem: Freepik

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